Careca do INSS, acusado de operar fraudes milionárias, depõe na CPMI e revela vínculos com políticos enquanto enfrenta investigações sobre corrupção e lavagem de dinheiro.

Na quinta-feira, 24 de setembro, Antonio Carlos Camilo Antunes, popularmente conhecido como “Careca do INSS”, deverá depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Antunes é considerado pela Polícia Federal como o principal responsável pelo esquema de fraudes que resultou em bilhões de reais em descontos indevidos nas aposentadorias. Ele foi preso em 12 de setembro, em conjunto com o empresário Maurício Camisotti, que está ligado a várias entidades que transferiram aproximadamente R$ 25,5 milhões ao lobista.

A investigação apurou que Antunes atuava como um elo entre entidades que descontavam mensalidades das aposentadorias e os dirigentes do INSS responsáveis pela autorização e fiscalização desses descontos. A perspectiva é que, ao prestar declarações, Antunes se utilize de seu direito ao silêncio em momentos que possam incriminá-lo ou envolver outros indivíduos, incluindo figuras políticas.

Recentemente, surgiram informações que ligam Antunes a um senador de renome, com evidências de que ele recebeu apoio político na forma de designação do ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, suspeito de receber propina em troca de acordos favoráveis a associações com práticas duvidosas. Antunes, que gerencia call centers dedicados à captação de novos associados, recebia comissões de 27,5% sobre os descontos aplicados.

A Polícia Federal identificou que o lobista movimentou cerca de R$ 30 milhões oriundos de associações relacionadas à “Farra do INSS”, que por sua vez geraram receita de R$ 852 milhões com esses descontos. Entidades como Ambec e Cebap, ligadas a Antunes, transferiram quantias significativas a ele, além de envolver diretores que receberam pagamentos e até bens de alto valor, como carros luxuosos.

Além da possível corrupção de ex-dirigentes do INSS, a investigação da PF explora casos de lavagem de dinheiro, incluindo aquisições de imóveis em locais estratégicos que levantam suspeitas sobre a origem ilícita dos fundos. As operações de Antunes se estendem a 15 empresas com o intuito de oferecer consultoria para estas associações, viabilizando um esquema complexo de intermediação e financiamento que levantou um rastro de irregularidades, atraindo cada vez mais a atenção das autoridades.

As próximas semanas serão cruciais para a CPMI do INSS e para Antunes, cuja posição no centro deste esquema tem potencial para revelar mais detalhes sobre a rede maior de corrupção infiltrada nas estruturas administrativas de proteção social no Brasil.

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