A crise começou em junho, quando Macron dissolveu a Assembleia Nacional, buscando uma nova configuração política após as eleições que foram marcadas pela ascensão do Reagrupamento Nacional, partido de extrema-direita liderado por Marine Le Pen. A estratégia de Macron era enfrentar diretamente essa força política, mas o resultado foi uma aliança entre seu partido, Ensemble, e a coalização de esquerda Nova Frente Popular, liderada por Jean-Luc Mélenchon. Embora essa união tenha garantido uma vitória sobre os extremistas, nenhum dos grupos alcançou uma maioria clara, resultando em um impasse legislativo alarmante.
Esse quadro caótico revela fraquezas subjacentes na estrutura política francesa e, por extensão, na europeia. A Quinta República Francesa, com seu sistema semipresidencialista, exige que o presidente lidere as questões de defesa e políticas externas, enquanto o primeiro-ministro cuida das políticas internas. No entanto, a escolha de Macron por Barnier, em um contexto de maior inclinação à esquerda no Parlamento, levanta questões sobre a lógica de suas decisões e sua capacidade de governo.
Comentadores apontam que essa falta de uma maioria definidora na Assembleia Nacional poderá dificultar a governabilidade da França nos próximos anos. Macron parece tentar se posicionar como uma liderança forte na União Europeia em meio à crise, mas enfrenta o desafio de convencer uma população que já apóia movimentos extremistas, uma tendência que se intensificou em toda a Europa.
O dilema se agrava quando especialistas afirmam que a conjunto de lideranças na Europa se mostra significativamente enfraquecido, sem uma visão clara sobre o futuro. As potências europeias, incluindo França, Alemanha e outros, enfrentam uma insegurança política crescente, o que reflete não apenas uma crise interna, mas também um risco de perda de relevância no cenário global.
Os analistas sugerem que a Europa precisa reavaliar seu papel na arena internacional, especialmente após a desindustrialização nas décadas passadas e a ascensão da China como potência tecnológica. Neste contexto, a habilidade de Macron em ultrapassar essa paralisia política será crucial, tanto para a França quanto para o futuro da Europa no cenário global.