CAOS EM RIO LARGO – Mudança no Plano Diretor ameaça setor agropecuário e gera polêmica – com Jornal Rede Repórter



Uma proposta de alteração no Plano Diretor de Rio Largo, através do Projeto de Lei nº 26 de 11 de outubro de 2024, tem gerado controvérsias no município. A principal mudança, que sugere a ampliação da zona urbana em um quilômetro, pode impactar diretamente a produção agropecuária local, reduzindo significativamente a área rural e colocando em risco os negócios do setor agropecuário, incluindo a atividade de grandes empresas instaladas na região.

Com o projeto em tramitação na Câmara de Vereadores, a proposta pode ser colocada em votação ainda este ano. A ampliação da zona urbana afetaria uma área estimada em 60 milhões de metros quadrados, um território vital para os produtores rurais e empresas do agronegócio.

Durante uma audiência pública, realizada com a participação de representantes do setor canavieiro, agropecuário, sociedade civil e Ministério Público Estadual, a proposta foi duramente criticada. Entre as queixas, destacaram-se a falta de estudos aprofundados sobre os impactos da mudança e a ausência de uma análise mais detalhada da viabilidade econômica da medida. Além disso, foram apontados pontos considerados inconstitucionais, como a falta de comunicação prévia com a sociedade, o que impossibilitou uma avaliação crítica do projeto.

Com duas usinas do setor canavieiro operando no município, a mudança proposta ameaça a continuidade das operações dessas empresas e pode restringir o cultivo da cana-de-açúcar, transformando lavouras produtivas em terrenos ociosos. Entidades do setor sucroenergético, como o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Etanol de Alagoas (Sindaçúcar-AL) e a Federação dos Trabalhadores Rurais de Alagoas (Fetar-AL), além da Federação da Agricultura e Pecuária de Alagoas (Faeal), enviaram ofícios à Câmara alertando sobre os danos que a medida pode causar à geração de empregos e à economia local. Estima-se que cerca de 7 mil postos de trabalho diretos e 22 mil indiretos podem ser afetados.

Além disso, empresários alertam para possíveis irregularidades no processo legislativo, o que pode configurar improbidade administrativa. Entre os problemas apontados, está a ausência de participação popular nas discussões, em desacordo com o Estatuto da Cidade, e a falta de estudos técnicos necessários para a análise da proposta. O projeto também ignora a legislação ambiental federal e estadual, criando exigências que violam a competência do município em legislar sobre questões ambientais.

Outras incongruências no projeto incluem a exigência de estudos ambientais retroativos e a regulamentação de agrotóxicos que entra em conflito com as leis federais. A proposta também prevê um distanciamento de 1.000 metros para práticas agrícolas de alto impacto, como o cultivo da cana, sem embasamento técnico e com risco de desapropriação de vastas áreas de terra, o que levanta questões sobre a viabilidade econômica e os custos envolvidos.

Por fim, o projeto também traz incertezas quanto à preservação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e à redefinição das zonas rurais e urbanas, sem levar em consideração a realidade já consolidada no município, o que pode gerar insegurança jurídica e complicações para os proprietários de imóveis.

A aprovação do projeto, como está, representa um risco para o setor agropecuário e pode comprometer a estabilidade econômica de Rio Largo, além de afetar a qualidade de vida da população local. O debate sobre a proposta ainda está em andamento, mas é claro que a medida precisa ser revista para evitar prejuízos irreparáveis à comunidade e à economia da cidade.

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