Em uma cerimônia realizada em Alagoas nesta semana para assinar a ordem de serviço do trecho V do Canal do Sertão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido por uma cena incomum: um palanque que colocou lado a lado os rivais políticos senador Renan Calheiros, do MDB, e deputado federal Arthur Lira, do Progressistas, atual presidente da Câmara dos Deputados. Durante seu discurso, o presidente fez questão de estender gestos de gentileza a ambos os políticos, agradecendo especialmente ao deputado federal Arthur Lira por seu papel na garantia da governabilidade desde o início de seu mandato, destacando sua contribuição fundamental para a aprovação da PEC da Transição.
“Quando assumi a presidência, muitos previram dificuldades de governança devido à presidência de Arthur Lira na Câmara dos Deputados”, afirmou Lula, apontando para a relação numérica desfavorável do PT no Congresso. “Apesar disso, construímos alianças com diversos partidos. Houve dúvidas sobre meu mandato anterior, mas tive o apoio do alagoano Renan Calheiros no Senado. Agora, outro alagoano, Arthur Lira, tem sido fundamental para o sucesso do nosso governo, inclusive desde a aprovação da PEC da Transição.” Nos bastidores políticos, especula-se que Lula busca uma maior aproximação entre Renan Calheiros e Arthur Lira, este último às vezes obstáculo a projetos do PT na Câmara dos Deputados, como evidenciado em embates recentes com o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais.
Apesar de não abordar diretamente os conflitos entre Arthur Lira e o governo federal, Lula reconheceu a tensão na relação, sugerindo uma abordagem de diálogo e entendimento. “Quando dizem que Lira está nervoso, eu envio Rui Costa da Casa Civil para conversar com ele, pois dois nervosos podem se entender. É assim que se governa o país. O presidente não deve desrespeitar o opositor nem os partidos de oposição”, ressaltou. O presidente expressou gratidão ao Senado Federal e à Câmara dos Deputados pela colaboração na governança.
Lula também mencionou a tragédia ambiental decorrente das fortes chuvas no Rio Grande do Sul, demonstrando solidariedade e preocupação com a situação. “Estou entristecido com a tragédia no Rio Grande do Sul, clamando para que a chuva cesse, mas aqui em Alagoas, vejo a chuva como uma bênção para o Sertão. É notável a diversidade do nosso país. Mesmo em meio à tragédia, devemos mostrar solidariedade e unidade”, afirmou. O presidente garantiu que não faltará apoio ao povo gaúcho, rebatendo críticas sobre a suposta morosidade do governo federal na resposta à tragédia. Ele também agradeceu aos voluntários e aos governadores que enviaram assistência para a região afetada. O estado de Alagoas, por exemplo, enviou ajuda por meio da Defesa Civil estadual.