Caminhoneiros Brasileiros Enfrentam Riscos e Desvalorização em Meio a Desafios da Profissão



A profissão de caminhoneiro autônomo no Brasil é caracterizada por um retrato preocupante e desafiador. Uma pesquisa recente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) revelou dados alarmantes sobre a categoria. O estudo, apresentado na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, indica que 99% dos caminhoneiros autônomos são homens, com uma idade média de 46 anos e cerca de 17 anos de experiência na estrada.

Os profissionais trabalham intensamente, com jornadas de 12 horas diárias a uma remuneração de R$ 39,50 por hora. Notavelmente, a saúde desses trabalhadores é negligenciada, com muitos recorrendo a medicamentos e outras substâncias para se manterem acordados. Essas condições refletem uma categoria que transporta 80% da carga no Brasil (excluindo a mineração) e, no entanto, enfrenta enorme precariedade.

Alan Medeiros, assessor da CNTA, destacou durante a apresentação a crescente idade média dos caminhoneiros, a insegurança nas estradas e a necessidade urgente de melhorias, como pontos de descanso e exames toxicológicos gratuitos. Além disso, ele apontou a importância de criar linhas de crédito para a renovação da frota de caminhões, enfatizando que quase metade dos caminhoneiros não vê ações eficazes do governo federal para incentivá-los a continuar na profissão.

A pesquisa indicou que 54% dos caminhoneiros consideram deixar a profissão, uma estatística alarmante que levanta preocupações sobre o futuro do transporte rodoviário de cargas no Brasil. Atualmente, estima-se que cerca de 1,9 milhão de pessoas trabalhem no setor de transporte de cargas no país.

Para Diumar Bueno, presidente da CNTA, garantir melhores condições para os caminhoneiros é imprescindível. Ele argumenta que é necessário um ganho justo, segurança, renovação da frota e um sistema de frete direto, sem empresas intermediadoras que exploram os trabalhadores. Deputados como Zé Trovão (PL-SC) e Marco Brasil (PP-PR) também defenderam a valorização e melhoria das condições de trabalho da categoria, enfatizando a necessidade de investimentos nas estradas e apoio aos caminhoneiros.

Representantes do governo federal presentes na audiência reconheceram que muitos dos pontos trazidos pela pesquisa coincidem com dados do próprio governo. José Amaral Filho, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), alertou sobre os desafios futuros que o Brasil pode enfrentar devido à dependência do transporte rodoviário, especialmente no setor de grãos.

Leonardo Rodrigues, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), mencionou as dificuldades na instalação de pontos de parada e descanso nas rodovias federais, destacando a necessidade de políticas adequadas de higiene e segurança para os trabalhadores. Ele reconheceu que, apesar de haver atualmente 94 pontos credenciados pelo Dnit, isso ainda é insuficiente, sendo as limitações orçamentárias um obstáculo significativo.

Norival de Almeida Silva, presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens), reforçou a urgência de atenção à situação dos caminhoneiros autônomos, alertando que o país não pode esperar um colapso no transporte para agir. A situação exige medidas imediatas para garantir condições dignas e justas para esses profissionais essenciais à economia brasileira.

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