CAMARA DOS DEPUTADOS – Pesquisa indica que futebol pode aumentar violência contra mulheres nos estádios: especialistas debatem soluções para o problema.



Em uma audiência pública da Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher, a pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Isabella Matosinhos, trouxe à tona dados alarmantes sobre a relação entre o futebol e a violência contra as mulheres. Segundo a pesquisadora, em dias de jogos de futebol, as agressões físicas às mulheres aumentam quase 21%, e as ameaças crescem em quase 24%. Dos crimes letais cometidos contra as mulheres, 90% são perpetrados por homens, sendo que em dias de partidas de futebol, 80% das ameaças e 78% das lesões corporais são causadas por companheiros ou ex-companheiros das vítimas.

Isabella Matosinhos ressaltou que o futebol não é a causa da violência contra as mulheres, mas pode atuar como um catalisador, intensificando certos valores de masculinidade relacionados ao uso da violência. A especialista afirmou que a violência de gênero é um fenômeno complexo, ligado a valores patriarcais e à desigualdade de poder entre os gêneros na sociedade.

Diante desses números e da paixão nacional pelo futebol, a diretora-executiva do Instituto Avon, Daniela Grelin, defende que o esporte pode ser uma importante plataforma de educação cidadã. Segundo ela, a realização de campanhas de conscientização nos estádios pode contribuir para mudar a cultura de violência e educar os torcedores.

O Ministério das Mulheres já realiza a campanha Feminicídio Zero em estádios, contando com a adesão de dez times da série A. Nos dias de grandes partidas, são exibidos vídeos e realizadas ações de conscientização, como a divulgação do Disque Denúncia 180 nos painéis das arenas. A coordenadora-geral de Cultura do Ministério, Lucimara Rosana Cardozo, destacou a importância de criar espaços de acolhimento para vítimas de agressão nos estádios.

A proposta em discussão no Senado prevê a realização de campanhas de conscientização sobre a violência contra a mulher em eventos esportivos com mais de 10 mil participantes. Isabella Matosinhos também ressaltou a necessidade de considerar fatores como raça e classe para combater a violência de gênero, já que a maioria das vítimas de crimes violentos em 2023 eram mulheres negras e pobres.

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