Isabella Matosinhos ressaltou que o futebol não é a causa da violência contra as mulheres, mas pode atuar como um catalisador, intensificando certos valores de masculinidade relacionados ao uso da violência. A especialista afirmou que a violência de gênero é um fenômeno complexo, ligado a valores patriarcais e à desigualdade de poder entre os gêneros na sociedade.
Diante desses números e da paixão nacional pelo futebol, a diretora-executiva do Instituto Avon, Daniela Grelin, defende que o esporte pode ser uma importante plataforma de educação cidadã. Segundo ela, a realização de campanhas de conscientização nos estádios pode contribuir para mudar a cultura de violência e educar os torcedores.
O Ministério das Mulheres já realiza a campanha Feminicídio Zero em estádios, contando com a adesão de dez times da série A. Nos dias de grandes partidas, são exibidos vídeos e realizadas ações de conscientização, como a divulgação do Disque Denúncia 180 nos painéis das arenas. A coordenadora-geral de Cultura do Ministério, Lucimara Rosana Cardozo, destacou a importância de criar espaços de acolhimento para vítimas de agressão nos estádios.
A proposta em discussão no Senado prevê a realização de campanhas de conscientização sobre a violência contra a mulher em eventos esportivos com mais de 10 mil participantes. Isabella Matosinhos também ressaltou a necessidade de considerar fatores como raça e classe para combater a violência de gênero, já que a maioria das vítimas de crimes violentos em 2023 eram mulheres negras e pobres.