A deputada Professora Goreth (PDT-AP) foi autora do pedido para a realização do debate e citou um estudo do Instituto Sou da Paz que revelou que já foram registrados 25 ataques a estabelecimentos de ensino até o dia 19 de julho deste ano. O mais recente foi o ocorrido na Escola Estadual Sapopemba, em São Paulo, na última segunda-feira (23), em que um adolescente de 16 anos matou a tiros uma estudante e feriu outras duas. O atirador era aluno do colégio e teria agido em resposta ao bullying que sofria.
Diante dessa realidade alarmante, a deputada defende a promoção de uma cultura de paz nas escolas e acredita que a pedagogia restaurativa pode contribuir nesse caminho. Segundo ela, é preciso desenvolver novas competências e habilidades em todos para combater a violência nas instituições de ensino.
Um exemplo citado na audiência foi o estado do Amapá, que adotou a pedagogia restaurativa em 2017 e desde então não houve mais registros de violência grave nas escolas. A promotora de Justiça do Ministério Público do Amapá, Silvia Canela, destacou que a metodologia vai além da resolução de conflitos. Ela utiliza técnicas e procedimentos que estimulam o diálogo e instituem uma cultura de paz. Atividades como conversas diárias com os alunos, contação de histórias e círculos de conversa com a comunidade escolar fazem parte do programa.
O desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Leoberto Brancher, ressaltou que a pedagogia restaurativa promove uma noção de responsabilidade por meio da interação direta com as emoções próprias e dos outros. O objetivo é substituir os mecanismos tradicionais de solução de problemas baseados em culpa, perseguição e imposição de castigo. Segundo ele, esse novo modelo exige habilidades avançadas de diálogo e contribui para uma mudança de visão.
Além de reduzir a violência, a pedagogia restaurativa também apresenta resultados positivos, como melhora no rendimento dos alunos e maior envolvimento da comunidade com a escola, conforme destacou a promotora de Justiça Silvia Canela.
Dessa forma, a pedagogia restaurativa surge como uma alternativa promissora para enfrentar a violência nas escolas e promover uma cultura de paz. É preciso investir na formação dos profissionais da educação e na adoção dessas práticas para garantir um ambiente seguro e propício para o aprendizado.