Ana Cláudia Oliveira, Coordenadora de Pesquisas do Observatório Nacional da Mulher na Política da Câmara dos Deputados, ressaltou que os dados do observatório comprovam que os homens recebem os recursos mais cedo, o que lhes confere uma vantagem na campanha eleitoral. Visando resolver essa disparidade, o observatório sugeriu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que faça o repasse dos recursos para as candidatas nas duas primeiras semanas de campanha, permitindo assim a contratação de serviços e pessoal para a campanha.
Além disso, desde 2021, foi implementado um incentivo extra para os partidos terem candidaturas competitivas de mulheres, com cada voto dado a elas contando duas vezes para a distribuição de recursos públicos entre as legendas. No entanto, pesquisadores alertam que as mulheres negras têm enfrentado dificuldades, com uma redução na proporção de votos. Para mudar essa realidade, sugere-se que as mulheres negras acumulem os incentivos para mulheres e negros, além de regras mais claras para a distribuição desses recursos entre os partidos.
A necessidade de uma distribuição mais equitativa de recursos foi reforçada por Blenda Lara Nascimento, advogada e ex-candidata a deputada distrital, que defende a distribuição direta dos recursos pelo TSE às candidatas. A conselheira Municipal da Mulher em Magé (RJ), Rosemar Soares, também destacou as dificuldades enfrentadas pelas mulheres, especialmente as negras, ressaltando que em seu município nenhuma mulher foi eleita vereadora até hoje.
Diante dessas questões levantadas no painel, fica evidente a necessidade de mudanças efetivas no sistema de financiamento das campanhas eleitorais para garantir a igualdade de condições entre homens e mulheres na disputa política. A transparência na distribuição dos recursos, a implementação de medidas que incentivem a participação feminina e a garantia de acesso equitativo aos recursos são passos essenciais para promover a representatividade e a igualdade de gênero na política brasileira.