Discussões sobre a Primeira Infância: A Urgência de Investir no Futuro do Brasil
No dia 12 de agosto de 2025, a Câmara dos Deputados foi palco de um seminário que reuniu parlamentares e especialistas para discutir políticas voltadas para a primeira infância. O evento, promovido por 12 comissões, teve como tema central o Biênio da Primeira Infância (2024-2025) e abordou questões fundamentais como alimentação, saúde, educação e inclusão social.
Os participantes ressaltaram que o desenvolvimento das crianças de zero a seis anos não deve ser visto apenas como uma responsabilidade governamental, mas sim como uma prioridade coletiva que impacta o futuro do país. A deputada Laura Carneiro (PSD-RJ) enfatizou que “o Brasil que queremos construir começa na primeira infância”, destacando a importância de investir nessa fase do desenvolvimento humano para garantir não apenas um futuro promissor para as crianças, mas também para a sociedade como um todo.
Entre os pontos levantados está a necessidade de ampliar a oferta de creches e pré-escolas, além de assegurar a capacitação de profissionais que lidam com as crianças. A saúde materna e infantil, assim como a criação de ambientes seguros — tanto físicos quanto digitais — são fundamentais para o desenvolvimento integral dos indivíduos. Carneiro também mencionou uma Proposta de Emenda à Constituição que busca garantir direitos e garantias para a primeira infância, reconhecendo sua importância constitucional.
Entretanto, os desafios são inúmeros. O deputado Dr. Zacharias Calil (União-GO) destacou a insuficiência de vagas em creches, que afeta principalmente famílias em situação de vulnerabilidade. Segundo pesquisas, apenas 41,2% das crianças com até 3 anos estão matriculadas, longe da meta de 50% estabelecida pelo Plano Nacional de Educação para 2024.
O seminário também abordou a importância de transformar diagnósticos em políticas efetivas. Calil defendeu uma integração de esforços entre diferentes esferas governamentais e a sociedade civil para que a primeira infância seja uma prioridade real. Ele sublinhou que o acesso à educação infantil inclusiva e o direito ao brincar são elementos essenciais, tanto quanto o acesso à saúde.
Em alusão ao tratamento da primeira infância como prioridade desde a concepção, o deputado José Airton Félix Cirilo (PT-CE) mencionou a nova Política Nacional Integrada da Primeira Infância, que busca implementar uma coordenação intersetorial nas ações destinadas às crianças. Essa visão foi corroborada pelo deputado Osmar Terra (MDB-RS), que afirmou que a primeira infância é a “mãe de todas as políticas públicas”.
Mariana Luz, diretora executiva da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, alertou para a urgência do tema em um Brasil onde mais da metade das crianças vivem em condições de vulnerabilidade socioeconômica. Ela enfatizou que é insustentável aceitar que 55% das crianças estejam em alguma situação de pobreza, destacando que esse é um indicador que deve guiar todas as discussões e ações.
Adicionalmente, Eliane Aquino, secretária nacional de Renda e Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social, lembrou que o programa Bolsa Família atende a quase 9 milhões de crianças, mas enfatizou que a solução para a pobreza infantil vai além de transferências de renda. É necessário um compromisso conjunto de governos e iniciativas privadas para garantir que as crianças tenham acesso a recursos e investimentos essenciais.
Maíra Souza, oficial de Primeira Infância do Unicef, destacou que a alocação orçamentária deve priorizar a infância, afirmando que investir em políticas voltadas para esse segmento não é um gasto, mas sim uma estratégia crucial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
A discussão trouxe à tona a necessidade urgente de ação coordenada para enfrentar os desafios enfrentados pela primeira infância no país. As falas ressoaram um apelo claro: reconhecer que o futuro do Brasil começa com o cuidado e o investimento nas suas crianças.
