CAMARA DOS DEPUTADOS – Especialistas Rejeitam Conselho Tutelar para Idosos e Defendem Fortalecimento do SUAS na Câmara dos Deputados



Em uma audiência pública promovida pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados, um intenso debate foi realizado acerca do Projeto de Lei 5363/23, que propõe a criação de um conselho tutelar para a população idosa. O contexto dessa proposta se insere no marco do envelhecimento acelerado da população brasileira, que atualmente conta com 32 milhões de idosos, representando 16% da população total. De acordo com projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse número deve crescer para 57 milhões até 2042.

Durante a audiência, a chefe de projeto do Departamento de Proteção Social Especial da Secretaria Nacional de Assistência Social, Daniella Jinkings, argumentou contra a criação do conselho tutelar para idosos, destacando que essa medida reforçaria uma visão estereotipada e negativa sobre a incapacidade dos idosos de gerirem suas próprias vidas. “Cada pessoa envelhece de modo único e criar um conselho tutelar seria reafirmar o estereótipo negativo de idosos como incapazes de gerir suas próprias vidas”, Jinkings afirmou.

Jinkings também apontou para as diferenças fundamentais entre o contexto de crianças e adolescentes, que podem ser reintegrados à família ou adotados, e o dos idosos, que enfrentariam a institucionalização sem alternativas viáveis de retorno. Segundo ela, os idosos não necessitam de tutela, mas de cuidados que respeitem sua autonomia, um princípio fundamental da política brasileira para a pessoa idosa.

A PEC 383/17, que exige a aplicação de recursos mínimos pela União para financiar serviços e a gestão da assistência social, foi defendida por Jinkings durante a audiência. Desde 2022, a proposta está pronta para ser votada em Plenário. Ela afirmou que o Sistema Único de Assistência Social (Suas) já conta com uma rede robusta de serviços que atende idosos, como os Centros de Referência de Assistência Social (Cras), e enfatizou a importância de garantir financiamento adequado para essas atividades.

Maria Carolina Pereira, diretora do Departamento de Cuidados da Primeira Infância e da Pessoa Idosa do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social e Família, também ressaltou a necessidade de fortalecer o Suas. Pereira apontou que, apesar do sistema estar presente em quase todos os municípios brasileiros, a falta de financiamento público compromete sua eficácia na proteção social e na defesa dos direitos dos idosos.

Por sua vez, Raphael Castelo Branco, presidente do Conselho Nacional da Pessoa Idosa, salientou que a intervenção na autonomia dos idosos deve ser a última opção. Ele sublinhou a importância de promover os direitos e a autonomia dos idosos, destacando que a curatela deve ser uma medida extrema.

Em uma visão contrastante, Luiz Legnani, secretário-geral da Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap), defendeu a votação do PL 5987/23, que propõe a criação de Conselhos de Proteção à Pessoa Idosa em todos os municípios brasileiros, inspirado nos conselhos tutelares da infância e juventude.

O deputado Alexandre Lindenmeyer (PT-RS), relator do projeto que cria os conselhos tutelares, destacou que a audiência pública foi crucial para reunir informações que ajudarão a aperfeiçoar a proposta em análise. “Todas as manifestações contribuem para que a gente possa definir o nosso voto no relatório”, concluiu.

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