A deputada Soraya Santos (PL-RJ), responsável por solicitar a realização do seminário, levantou preocupações sobre o reconhecimento das pessoas com altas habilidades. A deputada ressaltou a importância de avaliar os alunos para identificar suas habilidades e destacou que o dom da superdotação também pode trazer sofrimento, uma vez que essas pessoas muitas vezes se sentem excluídas.
A senadora Professora Dorinha Seabra Rezende (União-TO), também proponente do seminário, alertou para a necessidade de as escolas estarem preparadas para acolher e entender que as pessoas aprendem de maneiras diferentes. Ela destacou que é preciso promover a inclusão e organizar políticas públicas de financiamento, formação e organização para garantir o atendimento adequado a esses alunos.
Estima-se que existam aproximadamente 26 mil estudantes superdotados no Brasil, mas esse número pode estar subestimado. A psiquiatra Camila Nicolucci observou que muitas crianças são diagnosticadas erroneamente com transtornos mentais, como déficit de atenção e hiperatividade, quando na verdade possuem altas habilidades ou superdotação.
Luiz Roberto Curi, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), ressaltou a importância de oferecer um atendimento individualizado aos estudantes superdotados, além do atendimento coletivo em sala de aula. Ele informou que o CNE votará uma resolução com diretrizes específicas para esses estudantes, incluindo processos de caracterização, capacitação e planos de desenvolvimento escolar individualizado.
Representantes de entidades educacionais também destacaram a necessidade de capacitar professores e promover um olhar individualizado para cada estudante superdotado. Maria Virginia Rocha, da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), ressaltou a importância de os alunos estarem matriculados em classes comuns, mas contarem com o auxílio de equipes técnico-pedagógicas.
Durante o seminário, também foram debatidos os impactos da superdotação na vida dos estudantes. Matheus Carvalho, um estudante superdotado, relatou as dificuldades que enfrentou na escola e os problemas emocionais que surgiram devido à falta de atendimento adequado. Aline Machado dos Santos, mãe de um estudante superdotado, ressaltou a importância de implementar políticas públicas, investir na capacitação de profissionais e mudar os currículos para garantir a inclusão desses alunos.
A professora Denise de Souza Fleith, do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), destacou que existem práticas que podem favorecer o desenvolvimento dos alunos superdotados, como diferenciação curricular, aceleração escolar, enriquecimento curricular e mentoria. Ela enfatizou que não é a superdotação que gera problemas emocionais, mas sim o ambiente inadequado para receber esses alunos.
O seminário chamou atenção para a importância de promover a inclusão e garantir um atendimento adequado aos estudantes superdotados. A capacitação dos professores, a implementação de políticas públicas e a mudança nos currículos foram apontadas como medidas essenciais para garantir o desenvolvimento desses alunos e evitar problemas emocionais decorrentes da falta de atendimento adequado.