Durante o evento, Layane Martins, que foi vítima de violência obstétrica em um hospital particular em agosto deste ano, compartilhou sua experiência. Ela contou que sua filha, Helena, ficou em sofrimento fetal por quase uma hora durante o parto e não resistiu. Layane expressou sua dor e indignação com o sistema de saúde atual, afirmando que algo precisa ser feito para evitar essas mortes.
A deputada Silvye Alves, responsável por propor o debate, destacou que o momento do parto é visto como um dos mais importantes na vida das mulheres, mas acaba se tornando um pesadelo para aquelas que sofrem violência e negligência. A parlamentar ressaltou a importância de ação conjunta para mudar essa realidade.
A deputada Talíria Petrone também enfatizou a necessidade de um marco legal que combata a violência obstétrica no país e que o atendimento seja mais humanizado para todas as mulheres que optem pela gestação e pelo parto.
Dados do levantamento Nascer no Brasil, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), revelam que 30% das mulheres atendidas em hospitais privados em 2012 foram vítimas de violência obstétrica, enquanto no Sistema Único de Saúde (SUS) a taxa chegou a 45%.
Lea Patrícia, vítima desse tipo de violência na rede pública, relatou a dor de perder duas filhas em menos de 30 dias em 2020. Ela foi negligenciada pelos médicos em ambas as situações, e suas filhas não receberam os cuidados necessários. Desde então, Lea enfrenta problemas de saúde mental e não consegue mais trabalhar. Ela clama por justiça não apenas para sua filha, mas para todas as mães que passaram por violência obstétrica.
Outra vítima, Ellen Ribeiro, relatou ter sofrido violência desde o pré-natal, sendo submetida a negligência, racismo obstétrico e exercício da medicina sem embasamento científico. Ela também foi negada o direito de ter uma acompanhante durante o parto, uma forma de violência contra a mulher.
Vale destacar que desde 2005, a Lei 11.108/05 garante às gestantes o direito a acompanhante no SUS durante o trabalho de parto, no parto e no pós-parto.
Diante desses relatos alarmantes, é fundamental que o Parlamento atue de forma conjunta para elaborar políticas e leis que garantam o fim da violência obstétrica no país. É preciso que o atendimento seja humanizado e respeitoso, assegurando a saúde e o bem-estar das mulheres e de seus bebês durante todo o processo de gestação e parto.
Enquanto isso, as vítimas de violência obstétrica continuam lutando por justiça e por mudanças no sistema de saúde, para que nenhuma mãe tenha que passar pela dor e indignação que já experimentaram.