A presidente da Comissão de Anistia, Eneá Stutz, ressaltou a importância do Estado reconhecer e se desculpar por abusos de poder contra seus cidadãos, destacando que nenhum país tem esse direito. A relatora do caso, Vanda Oliveira, relembrou os trágicos eventos que levaram à morte de Vladimir Herzog nas dependências do Doi-Codi em São Paulo, ressaltando que a primeira versão do atestado de óbito apontou suicídio, sendo posteriormente retificado para declarar a causa como violência física.
Diante do caso de Clarice Herzog, a relatora Vanda Oliveira votou a favor de uma indenização no valor de 390 salários mínimos, com o teto de pagamento fixado em R$ 100 mil, devido aos prejuízos sofridos pela família Herzog durante a ditadura militar. O filho de Clarice, Ivo Herzog, mencionou que sua mãe nunca buscou compensação financeira pela morte de seu pai, mas que a situação atual dela, doente e necessitando de cuidados médicos, exigiu ações para promover sua dignidade.
Além disso, durante a reunião, a Comissão de Anistia prestou homenagens à ex-deputada constituinte Moema São Thiago e à jornalista Miriam Leitão, ambas perseguidas durante a ditadura militar. O deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) iniciou um seminário sobre os 60 anos do golpe civil-militar de 1964, com o objetivo de lembrar os eventos históricos e reforçar a importância de defender a democracia contra tentativas de golpe.
Representantes dos anistiados políticos presentes na reunião também defenderam a reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, assim como a necessidade de fortalecer o ensino sobre a ditadura nas escolas para evitar episódios como o ocorrido em 8 de janeiro de 2023. A discussão evidenciou a importância de preservar a memória e os direitos humanos, além de proteger a democracia contra retrocessos.