CPMI do INSS Oitiva Careca do INSS em Depoimento Controverso
Na última sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, realizada no dia 25 de setembro de 2025, Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido popularmente como “Careca do INSS”, prestou depoimento em relação a um esquema de fraudes envolvendo descontos indevidos nos benefícios de aposentados. Detido pela Polícia Federal, Antunes negou veementemente qualquer participação nas irregularidades que vêm sendo investigadas e alegou que as associações foram as responsáveis pelos problemas.
O empresário, que ingressou no mercado em 2017, contou aos membros da CPMI que sua atuação se limitava à venda de um aplicativo desenhado para estreitar a comunicação entre associações e seus membros. Ele destacou que, através da plataforma, foram oferecidos serviços como descontos em farmácias, auxílio-funeral e seguros de vida, mas se isentou de convocar associados ou de ter acesso ao sistema do INSS.
No entanto, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), questionou a versão apresentada por Antunes. Segundo o relator, o empresário atuou como procurador de diversas associações, incluindo a Ambec, que teve um crescimento explosivo de associados, passando de três para impressionantes 600 mil em um curto espaço de tempo. Gaspar não deixou de mencionar o aumento do patrimônio de Antunes, que teria saltado R$ 14 milhões em um intervalo de três meses em 2024.
Em relação à sua postura durante a oitiva, Antonio Carlos invocou um habeas corpus que o isenta de responder algumas perguntas, alegando que o relator já o havia pré-julgado sem lhe dar a oportunidade de defesa. “Eu já fui condenado sem ser ouvido”, lamentou, referindo-se às declarações de Gaspar em sessões anteriores.
Durante o depoimento, enquanto Gaspar formalizava suas perguntas, ele não hesitou em rotular Antunes como o autor de um dos maiores golpes contra aposentados e pensionistas da história do Brasil. O relator também trouxe à tona uma suposta fuga do empresário do país, ocorrida apenas cinco dias antes da operação “Sem Desconto”, além de exibir uma foto onde Antunes aparece em reunião com representantes do INSS.
Antonio Carlos, tentando desmistificar sua imagem, argumentou que o personagem “Careca do INSS” foi fabricado por fontes de mídia sem embasamento probatório. Ele também afirmou que sua acumulação de bens é fruto de trabalho, listando um diversificado portfólio empresarial que inclui 22 empresas e investimentos em países como Estados Unidos, Colômbia e Portugal.
Encerrando suas observações, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) sugeriu uma acareação entre Antunes e o advogado Eli Cohen, que fez denúncias relevantes na CPMI. Para reforçar a investigação, a comissão aprovou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Nelson Wilians, outro alvo da Polícia Federal, que também é investigado por possível ligação com as fraudes na Previdência. Além disso, foi solicitado ao STF a prisão preventiva de Wilians.
A CPI continua a esclarecer os meandros de um escândalo que abala a confiança no sistema previdenciário brasileiro.