A elevação das tarifas, explicou Campos Neto, teria como objetivom barrar a entrada de carros elétricos fabricados na China e outros produtos, impactando negativamente vários mercados emergentes. Além disso, medidas como a deportação de imigrantes irregulares e uma política fiscal mais agressiva com aumentos significativos nas despesas foram citadas como outras ameaças potenciais. Apesar do cenário desafiador, Campos Neto mostrou-se confiante em uma desaceleração econômica lenta e organizada nos EUA, sem riscos imediatos de recessão.
Recentemente, alguns indicadores financeiros acenderam o alerta no mercado, levando a projeções de queda acelerada nas taxas de juros americanas, o que, por sua vez, poderia gerar instabilidade. Campos Neto também chamou a atenção para o aumento exponencial da dívida pública em países como os Estados Unidos, Japão e diversas nações europeias no período pós-pandemia. Ele revelou que o custo de manutenção desta dívida foi quadruplicado, dificultando a captação de recursos por outras economias.
Outro ponto levantado pelos deputados do governo foi a atuação do Banco Central frente à alta recente do dólar. Campos Neto defendeu a postura cautelosa da autarquia, explicando que intervenções são consideradas apenas quando há disfunções no mercado. “O câmbio é flutuante. Em momentos de stress, discutimos continuamente sobre possíveis intervenções. Analisamos diversas variáveis e como outras moedas estão se comportando para determinar nossa ação”, explicou o presidente do BC. Destacou ainda que as decisões são tomadas em colegiado, composto por oito diretores indicados pelo governo atual.
Em relação à taxa de juros básica da economia, que atualmente se encontra em 10,5% ao ano, Campos Neto argumentou que não é exorbitante, justificando que o índice elevado é reflexo da baixa taxa de recuperação de créditos no país, da alta dívida pública e da poupança interna que é inferior comparada a outros países da América Latina. No entanto, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) contestou, apontando que uma taxa de 7% acima da inflação é excessivamente alta. “A ata do Copom menciona incertezas fiscais. É injusto, considerando o gigantesco esforço fiscal que o governo está fazendo para sair de um déficit de 2,3% do PIB e tentar alcançar um déficit zero ou até -0,25%”, afirmou Farias.
Campos Neto também aproveitou a oportunidade para defender a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 65/23), que visa garantir a autonomia financeira do Banco Central. A PEC está atualmente em votação no Senado Federal e, segundo o presidente do BC, sua aprovação é crucial para a estabilidade e independência da política monetária no país.
A audiência serviu para destacar os desafios econômicos globais que podem impactar diretamente o Brasil, e os debates entre os parlamentares refletiram as divergências sobre as políticas econômicas atuais e futuras do país.