CAMARA DOS DEPUTADOS – Campos Neto Alerta sobre Riscos Externos enquanto Deputados Debatem Alta do Dólar e Juros



Em uma audiência conjunta das Comissões de Finanças e Tributação e de Desenvolvimento Econômico realizada nesta terça-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, trouxe à tona uma série de desafios externos que, segundo ele, o Brasil precisa estar preparado para encarar nos próximos meses. Em vez de focar nas questões internas do país, Campos Neto optou por apontar os riscos econômicos relacionados às promessas dos dois principais candidatos à presidência dos Estados Unidos, destacando que um eventual aumento generalizado das tarifas de importação seria um desses perigos.

A elevação das tarifas, explicou Campos Neto, teria como objetivom barrar a entrada de carros elétricos fabricados na China e outros produtos, impactando negativamente vários mercados emergentes. Além disso, medidas como a deportação de imigrantes irregulares e uma política fiscal mais agressiva com aumentos significativos nas despesas foram citadas como outras ameaças potenciais. Apesar do cenário desafiador, Campos Neto mostrou-se confiante em uma desaceleração econômica lenta e organizada nos EUA, sem riscos imediatos de recessão.

Recentemente, alguns indicadores financeiros acenderam o alerta no mercado, levando a projeções de queda acelerada nas taxas de juros americanas, o que, por sua vez, poderia gerar instabilidade. Campos Neto também chamou a atenção para o aumento exponencial da dívida pública em países como os Estados Unidos, Japão e diversas nações europeias no período pós-pandemia. Ele revelou que o custo de manutenção desta dívida foi quadruplicado, dificultando a captação de recursos por outras economias.

Outro ponto levantado pelos deputados do governo foi a atuação do Banco Central frente à alta recente do dólar. Campos Neto defendeu a postura cautelosa da autarquia, explicando que intervenções são consideradas apenas quando há disfunções no mercado. “O câmbio é flutuante. Em momentos de stress, discutimos continuamente sobre possíveis intervenções. Analisamos diversas variáveis e como outras moedas estão se comportando para determinar nossa ação”, explicou o presidente do BC. Destacou ainda que as decisões são tomadas em colegiado, composto por oito diretores indicados pelo governo atual.

Em relação à taxa de juros básica da economia, que atualmente se encontra em 10,5% ao ano, Campos Neto argumentou que não é exorbitante, justificando que o índice elevado é reflexo da baixa taxa de recuperação de créditos no país, da alta dívida pública e da poupança interna que é inferior comparada a outros países da América Latina. No entanto, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) contestou, apontando que uma taxa de 7% acima da inflação é excessivamente alta. “A ata do Copom menciona incertezas fiscais. É injusto, considerando o gigantesco esforço fiscal que o governo está fazendo para sair de um déficit de 2,3% do PIB e tentar alcançar um déficit zero ou até -0,25%”, afirmou Farias.

Campos Neto também aproveitou a oportunidade para defender a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 65/23), que visa garantir a autonomia financeira do Banco Central. A PEC está atualmente em votação no Senado Federal e, segundo o presidente do BC, sua aprovação é crucial para a estabilidade e independência da política monetária no país.

A audiência serviu para destacar os desafios econômicos globais que podem impactar diretamente o Brasil, e os debates entre os parlamentares refletiram as divergências sobre as políticas econômicas atuais e futuras do país.

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