A Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados realizou uma audiência para discutir a necessidade de banir imediatamente o Fipronil e outros agrotóxicos responsáveis por casos de mortandade de abelhas no Brasil. A audiência contou com a presença de apicultores, representantes do governo e parlamentares, que debateram sobre a importância da transição ecológica e a criação de um grupo de trabalho interministerial.
Durante o evento, os apicultores destacaram o papel fundamental das abelhas na polinização das plantas e na manutenção da biodiversidade, ressaltando que a sua atividade tem sido impactada pelas mudanças climáticas e, principalmente, pelo uso de agrotóxicos que enfraquecem o sistema imunológico dos insetos.
O presidente da comissão técnico-científica da Confederação Nacional de Apicultores, Ricardo Orsi, relatou os efeitos devastadores do Fipronil, que em dose normal mata as abelhas imediatamente, e mesmo em doses menores, mina gradativamente as colônias.
Além disso, foram discutidos os impactos do glifosato, o agrotóxico mais usado no Brasil, que não mata as abelhas, mas desorienta o voo e dificulta a criação de novas rainhas. Marcelo Ribeiro, apicultor em Minas Gerais, relatou a perda de 80 colmeias devido à contaminação, o que demonstra a gravidade do problema.
Por sua vez, o coordenador geral de agrotóxicos do Ministério da Agricultura, José Victor Costa, informou que o Fipronil está em reavaliação pela Anvisa e pelo Ibama e já teve o uso restrito. Ele ressaltou a importância do produto para a agricultura, justificando que a proibição total do Fipronil poderia causar colapsos na apicultura e na agricultura.
O secretário de biodiversidade e florestas do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, reconheceu o atraso dos governos em solucionar o caso e defendeu a necessidade de acelerar o processo para evitar novas mortandades de abelhas.
Diante da gravidade do problema, os deputados presentes na audiência, Padre João (PT-MG) e Pedro Uczai (PT-SC), vão sugerir à Casa Civil a criação de um grupo de trabalho interministerial para resolver a questão. Eles também defenderam a retomada do Programa Nacional para Redução do Uso de Agrotóxicos (Pronara) e a realização de concursos públicos para os órgãos de fiscalização.
A audiência foi marcada por apelos intensos dos apicultores e por um debate amplo sobre a necessidade de uma transição agroecológica e a valorização da agricultura familiar como formas de fortalecer a preservação das abelhas e da biodiversidade. Os participantes também destacaram a importância do controle fitossanitário como uma medida eficaz para lidar com os problemas causados pelos agrotóxicos.
