A Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara dos Deputados vai realizar uma audiência pública nacional para debater políticas de saúde para animais domésticos, mais especificamente o tema da castração de cães e gatos e suas relações com a questão da saúde pública. O requerimento de proposta da audiência teve autoria do deputado federal Marx Beltrão (PSD), coordenador da bancada federal de Alagoas no Congresso Nacional. A audiência está agendada para o dia 29 de outubro, em Brasília.
“Embora a castração de cães e gatos seja uma questão de saúde pública, ela ainda não está ao alcance de todos e também não é muito bem compreendida pelos gestores públicos e por nossa sociedade. Até um passado recente, esse tipo de cirurgia era tida como rara, e geralmente realizada quando as pessoas se cansavam dos filhotes em casa. Contudo, além do valor alto, poucos veterinários realizavam o procedimento. Hoje, embora mais profissionais realizem o procedimento, os custos continuam sendo altos, e de difícil acesso à maioria da população”, disse Marx Beltrão no requerimento de solicitação para a realização da audiência.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam, em países pobres e emergentes como o Brasil, a proporção de 15 filhotes de cães e 45 de gatos para cada bebê nascido. A situação preocupa não só pela qualidade de vida dos animais, mas por ser uma questão de saúde pública. O crescimento da população de animais de rua também promove o surgimento exponencial de doenças entre estes animais, que não recebem vacinas ou cuidados. Situação que pode se estender aos humanos, como a transmissão da raiva, uma doença crônica e que leva a morte.
O Brasil tem hoje uma população de 37 milhões de cães e 21 milhões de gatos, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Com os bichos vivendo mais graças aos avanços da medicina veterinária, as discussões em torno das vantagens da castração são cada vez mais pertinentes. Afinal, a cirurgia que deixa cachorros e gatos inférteis não impede apenas que o animal procrie. Além de prevenir doenças comuns na velhice, o procedimento muda o temperamento do animal, o que pode tirá-lo de algumas situações de risco.