Busca por Restos Mortais de 100 Mil Escravizados Inicia em Salvador; Projeto Arqueológico Revela História Oculta da Capital Baiana



Busca Arqueológica Revela História de Escravizados em Salvador

Na tarde da última quarta-feira, uma importante pesquisa arqueológica teve início em Salvador, Bahia. O projeto visa à localização e à identificação de um cemitério que, por séculos, permaneceu esquecido e apagado do mapa urbano. Estima-se que cerca de 100 mil corpos de indivíduos escravizados, incluindo pessoas de origem africana, pobres, encarcerados e mesmo aqueles que se suicidaram, estejam enterrados no local como indigentes.

A área em questão, situada no estacionamento da Pupileira, no bairro de Nazaré, pertence à Santa Casa de Misericórdia da Bahia, e suas descobertas podem oferecer uma nova perspectiva sobre a história da escravidão no Brasil. Segundo Silvana Oliveiri, a pesquisadora responsável pela identificação do cemitério, as expectativas são altas: acredita-se que os restos mortais de entre 80 mil e 150 mil pessoas possam ser encontrados durante as escavações.

Este projeto não apenas busca recuperar o que restou do passado, mas também tem um papel fundamental na reabilitação da memória de um capítulo sombrio da história brasileira. O desaparecimento de registros sobre este cemitério reflete uma tendência mais ampla de apagamento da memória em relação à brutalidade da escravidão. Tal esqueecimento é objeto de crescente preocupação entre historiadores e ativistas.

Oliveiri enfatiza que o trabalho realizado no local não se limita à mera busca por restos mortais; ele também busca trazer à luz as histórias individuais de vidas que, até então, foram deixadas de lado pela narrativa oficial. A coleta de dados e a análise dos vestígios encontrados terão um grande impacto nas futuras investigações sobre a história da escravidão e suas consequências sociais.

A iniciativa marca um passo importante em direção ao reconhecimento e à valorização da memória dos escravizados, cujas vidas e sofrimentos muitas vezes são invisibilizados. O trabalho em Salvador representa uma oportunidade de refletir sobre o legado desta parte trágica da história e de promover uma discussão mais ampla sobre raça, identidade e justiça social no Brasil contemporâneo.

À medida que as escavações prosseguem, a expectativa da comunidade e dos pesquisadores cresce, na esperança de que esses esforços ajudem a restaurar o reconhecimento devido a tantos que sofreram e perderam suas vidas em circunstâncias tão desumanas.

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