BRICS pode liderar reconstrução da Gaza, enquanto EUA e Europa são criticados por desigualdade e falta de apoio ao povo palestino.



A recente escalada de tensões e destruição na Faixa de Gaza e a discussão sobre a sua reconstrução têm gerado debates sobre o papel das grandes potências, especialmente dos Estados Unidos e dos países europeus, em contrapartida ao bloco BRICS. Especialistas apontam que a dinâmica atual pode favorecer um novo protagonismo do BRICS, particularmente com a recente inclusão de nações do Oriente Médio, como Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos, que poderiam assumir uma missão mais significativa de apoio à reconstrução da região.

Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil, e Giovana Branco, doutoranda em ciência política da USP, destacam que a atuação conjunta do BRICS pode permitir uma abordagem mais autônoma e legítima para o povo palestino na gestão dos esforços de reconstrução, após mais de um ano de intenso conflito. A proposta de um governo de unidade e reconciliação dos palestinos é vista como uma prioridade para garantir que os benefícios da reconstrução sejam direcionados diretamente ao povo afetado, em vez de serem monopolizados por interesses externos, como os de empresas norte-americanas.

Esta crítica se intensifica quando se considera que os Estados Unidos, após terem fornecido bilhões em apoio a Israel, não devem ser vistos como aliados confiáveis para a reconstrução de Gaza, especialmente dado o histórico de intervenções e o suporte militar que proporcionaram durante os conflitos. Rabah frisou que a ajuda deveria ser direcionada a iniciativas que priorizem a soberania palestina, apontando que a reconstrução efetiva requer mais do que a simples injeção de capital; é necessário um reconhecimento formal da Palestina como um Estado soberano.

Estima-se que serão necessários mais de 40 bilhões de dólares para restaurar a infraestrutura devastada em Gaza, que atualmente está em grande parte sob escombros. As imagens da região revelam um cenário desolador, e as consequências sociais e humanitárias são imensas, com milhares de vidas perdidas desde o início dos conflitos recentes.

Branco também ressalta que, por mais que a ajuda humanitária e a reconstrução material sejam urgentes, esses esforços precisam ser acompanhados pelo reconhecimento da identidade e soberania nacional dos palestinos para que haja uma restauração real e duradoura da paz e da dignidade na região. A complexidade do envolvimento internacional sugere que o futuro da Palestina dependerá não só da ajuda externa, mas também de um compromisso genuíno com a paz e a estabilidade por parte da comunidade internacional.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo