Atualmente, o BRICS — bloco que engloba Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novas adesões — apresenta-se como um novo modelo de “não alinhamento”, mas com uma característica singular: a presença de economias emergentes robustas que conferem ao grupo uma força e uma influência que o Movimento dos Não Alinhados não conseguiu desenvolver. Segundo analistas, o BRICS representa uma nova ordem multipolar, na qual potências como China e Rússia exercem papéis de liderança contra a hegemonia norte-americana e suas instituições tradicionais, como o FMI e o Banco Mundial.
Diego Pautasso, especialista em relações internacionais, ressalta que a recente expansão do BRICS, em 2023, fortaleceu a capacidade do grupo de remodelar o sistema internacional, aproveitando um contexto global de economias emergentes. Ele observa que a correlação de forças global mudou significativamente, com uma diminuição da hegemonia ocidental.
Guilherme Conceição, outro especialista da área, argumenta que o BRICS não deve ser visto como uma entidade estritamente anti-ocidental, mas como um defensor do multilateralismo. Os membros do grupo mantêm relações distintas, moldadas por interesses econômicos e geopolíticos. Assim, em vez de rejeitar alianças, eles buscam formar parcerias estratégicas que promovam não só a estabilidade financeira, mas também um sistema internacional reformado.
A eficácia do BRICS em evitar a proliferação da fragmentação que afetou o antigo Movimento dos Não Alinhados dependerá, segundo Conceição, da sua capacidade de manter um equilíbrio entre interesses econômicos e objetivos políticos. A ênfase em áreas como comércio, finanças e desenvolvimento sustentável será crucial para estabelecer um novo paradigma cooperativo que reflete a diversidade e as necessidades de suas nações-membro.
Em resumo, o BRICS não é apenas uma coalizão econômica; é um fórum simbólico de grande relevância para o chamado “Sul Global”. Ao se afirmar como uma alternativa às estruturas tradicionais de poder, o grupo busca não apenas desafiar a ordem existente, mas também propor uma nova abordagem que leve em consideração a pluralidade das vozes e interesses presentes no cenário internacional.