Desde 2016, já ocorreram reuniões, mas o atual contexto representou um salto qualitativo. Na declaração final, o papel das estatísticas foi reconhecido como nunca antes, sinalizando uma nova fase onde os institutos nacionais de estatística assumem um protagonismo essencial na elaboração de uma narrativa que reflita a realidade do grupo e do Sul Global como um todo. Pochmann destacou que, ao longo da história, as conferências internacionais de estatística frequentemente refletiam uma perspectiva eurocêntrica, focando mais nas realidades do Norte Global. Essa evolução nas discussões agora permite uma nova visão que reconhece a relevância do Sul Global, que atualmente representa mais de 70% do crescimento econômico mundial.
O diálogo não se restringiu apenas a dados, mas também abordou temas como a atualização e a modernização dos métodos estatísticos, a formação profissional dos responsáveis pelas instituições e a necessidade de melhorar a coleta e análise de dados sobre situações sociais específicas, como a vida de pessoas em situação de rua. A expectativa é que, sob a liderança do Brasil, o próximo encontro aborde temas como indicadores sociais e ambientais dentro de um contexto sul-americano.
Outro ponto destacado por Pochmann foi a soberania de dados, onde as diferentes realidades nacionais se tornam um desafio, mas também uma oportunidade de cooperação mútua. O Brasil, ao lado de outros países, busca cada vez mais unificar seus bancos de dados e desenvolver mecanismos que promovam uma gestão mais eficiente da informação. Para o futuro, a colaboração com organizações internacionais, como o UNICEF, será essencial para compreender o impacto do uso da internet por jovens e seus efeitos no desempenho educacional.
Assim, o encontro em Kazan não apenas solidificou a relevância da estatística para os países do BRICS, mas também iniciou uma nova era de cooperação entre nações que compartilham desafios e objetivos comuns.