BRICS como estratégia comercial: Brasil deve intensificar laços para reduzir dependência dos Estados Unidos, alertam especialistas sobre futuros desafios econômicos.



Recentemente, a questão da dependência econômica do Brasil em relação aos Estados Unidos voltou a ser tema de discussão, especialmente após declarações do ex-presidente norte-americano, Donald Trump, que mencionou o potencial impacto de novas tarifas sobre o país. Em meio a essa incerteza, o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) surge como uma alternativa promissora para o fortalecimento da economia brasileira e a diversificação de seus parceiros comerciais.

De acordo com especialistas, o Brasil tem demonstrado um esforço significativo para ampliar suas relações comerciais, explorando novos mercados além do tradicional laço com os Estados Unidos. Maria Elena Rodriguez, diretora adjunta do BRICS Policy Center, ressalta que, apesar da China ser o maior parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos permanecem como um ator crucial neste setor. O relacionamento é caracterizado por compras de produtos primários, como petróleo e açúcar, e por investimentos em setores estratégicos, incluindo energia limpa e tecnologia.

Rodriguez aponta que é vital que o Brasil busque novos parceiros comerciais para mitigar a vulnerabilidade da economia, que ainda é amplamente dependente das exportações de commodities. Ela observa que, embora o BRICS tenha avançado em seu comércio intragrupo, não é prudente afirmar que a relação comercial com as nações do bloco poderá substituir o comércio tradicional com os EUA em um futuro próximo. A economia americana, sendo a maior do mundo, mantém uma influência considerável sobre o Brasil e sobre o comércio global.

Associado a isso, o professor Bruno de Conti, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), enfatiza que, apesar dos benefícios potenciais da integração com o BRICS, a realidade atual é que a penetração do Brasil no comércio com outros membros do bloco ainda é muito limitada, com exceção feita à China. Ele assegura que sanções econômicas dos Estados Unidos continuarão a ter um impacto significativo, dado o tamanho e a influência dos EUA na economia global.

Além disso, a crescente rejeição dos Estados Unidos por parte de diversas nações do Sul Global, combinada com a tendência de afastamento do país em questões internacionais, pode abrir espaço para que o BRICS assuma um papel de liderança em uma nova agenda global. O professor sugere que, longe de se fechar, o grupo deve considerar a inclusão de novos países, expandindo assim sua representatividade e capacidade de atender aos interesses dos países em desenvolvimento.

Em suma, enquanto o Brasil busca fortalecer suas relações com o BRICS e diversificar suas parcerias comerciais, a realidade é que ainda há um longo caminho pela frente para reduzir a dependência da economia norte-americana, exigindo estratégias bem planejadas e uma visão de longo prazo.

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