Segundo especialistas, há uma previsão de que até 2050 os países do BRICS sejam responsáveis por aproximadamente 50% da produção e consumo mundial de energia. Nesse contexto, a energia nuclear desempenhará um papel fundamental, não apenas para suprir a demanda interna, mas também como um potencial exportador de tecnologia e conhecimento. A criação dessa plataforma tem como intenção promover uma colaboração mais ampla entre os países do grupo, que atualmente realizam projetos de forma bilateral.
O vice-presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares, Orpet Peixoto, afirmou que a formação da plataforma é uma excelente oportunidade para o Brasil, que já possui um conhecimento sólido em todo o ciclo do combustível nuclear, desde a mineração até a conversão e enriquecimento. Contudo, ele destaca que o país enfrenta limitações em termos de escala, que são cruciais para atender tanto o mercado interno quanto o externo. Em sua visão, essa colaboração pode trazer benefícios significativos para o desenvolvimento do setor nuclear brasileiro.
Peixoto também pôs em evidência a necessidade de desmistificar a confusão comum entre energia nuclear e armas nucleares, esclarecendo que a operação de usinas não tem relação com a possibilidade de produção de armamentos nucleares. Ele refutou a ideia de que a energia nuclear é uma fonte poluente, comparando a poluição gerada por reatores nucleares a que resulta da produção de energia solar, que envolve materiais tóxicos.
A acadêmica Astrid Cazalbón, especialista em relações internacionais, acrescentou que a plataforma não só fortalecerá a cooperação entre os países do BRICS, mas também sugerirá uma mudança na dinâmica geopolítica global, movendo-se em direção a um sistema mais multipolar. Segundo Cazalbón, o desenvolvimento de capacidades nucleares nos integrantes do BRICS poderá solidificar ainda mais suas economias, destacando que o sucesso desta estratégia pode transformar o cenário energético e geopolítico global.
Entretanto, a especialista alerta que, para que a plataforma tenha êxito, questões regulatórias precisam ser abordadas, especialmente no que diz respeito aos pequenos reatores nucleares, que têm o potencial de oferecer uma geração de eletricidade mais flexível e econômica. A adesão das agências reguladoras, como a ANEEL no Brasil, é vista como um passo essencial para viabilizar a implementação desta inovadora plataforma de energia nuclear, que pode delinear um novo horizonte para a colaboração internacional no setor energético.