Durante suas declarações, Putin enfatizou a importância de fortalecer as transações comerciais utilizando moedas nacionais e a necessidade de um sistema de pagamento alternativo, livre da interferência externa. Isso, segundo analistas, é um movimento direcionado a garantir maior autonomia financeira e econômica para as nações do BRICS, evitando a dependência de sistemas financeiros dominados por potências ocidentais.
O professor João Cláudio Pitillo, especialista em história e pesquisador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), comentou sobre esses pontos, ressaltando que o BRICS busca não apenas estabelecer um novo modelo de cooperação, mas também criar um ambiente de comércio mais justo, onde a valorização das moedas locais promova um desenvolvimento mais eficaz para os países menos favorecidos.
Outro tema em discussão foi a proposta de extensão do mandato de Dilma Rousseff na presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como banco do BRICS. Putin elogiou o trabalho de Rousseff à frente da instituição, destacando que o NBD atua como um agente de fomento ao desenvolvimento autônomo, ao contrário de ser um “agiota internacional”, como muitos veículos de financiamento convencionais.
A oportunidade de novos países aderirem ao BRICS também foi um ponto que despertou expectativa, embora a lista de potenciais novos membros ainda não tenha sido divulgada. A adesão da Venezuela, por exemplo, é uma questão delicada, especialmente devido ao atual estado das relações entre Brasília e Caracas, que foram prejudicadas por desavenças políticas recentes.
Putin reforçou que a adesão de novos membros requer consenso entre países atuais do BRICS. Ele afirmou que a maioria das nações que buscam ingressar no grupo compartilham origens de subdesenvolvimento e enfrentam desafios sociais e econômicos significativos, muitos dos quais foram exacerbados por heranças colonialistas.
Este encontro também evidenciou uma nova dinâmica nas relações internacionais, onde a ideia de que a Rússia está isolada no cenário global é contestada. A cúpula demonstrou que a Rússia continua a fortalecer laços com o Sul Global, abraçando a ideia de uma política exterior que contrabalança a influência ocidental. A posição dos líderes do BRICS em relação a conflitos, como os do Oriente Médio e da Ucrânia, também sinaliza um desejo crescente por soluções pacíficas e coletivas para crises mundiais.
O que se tornou evidente durante esta cúpula é que o BRICS, com sua nova composição e visão renovada, está se preparando para desempenhar um papel crucial na reconfiguração da ordem econômica e política global, apoiando-se em fundamentos de cooperação e justiça social.