BRICS: A Ascensão do Sul Global e o Deslocamento do Poder para a Ásia no Século XXI

Nos últimos anos, a geopolítica mundial tem se transformado de maneira notável. O papel de potências tradicionais, como os Estados Unidos e as nações europeias, está sendo cada vez mais questionado à medida que países emergentes, em especial os integrantes do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, ganham destaque no cenário internacional.

Essa mudança de poder foi discutida em uma recente entrevista com o especialista em Relações Internacionais Robson Cunha Rael, que analisou o impacto da ascensão do Sul Global, uma região composta por nações historicamente exploradas que agora estão se afirmando como protagonistas no cenário global. O século XXI, segundo Rael, marca uma era de crescente influência para essas nações, que têm conquistado maior espaço nas decisões internacionais.

O conceito de “Shift of power to Asia” reflete um movimento de transferência do poder econômico e político do Ocidente para a Ásia, com destaque para a China. Essa transição não apenas redefine a configuração global, mas também provoca mudanças nas estratégias de países ocidentais, que agora voltam suas atenções para o Indo-Pacífico, uma das áreas mais dinâmicas do mundo.

Rael aponta que o declínio da influência ocidental não é um fenômeno recente. Após a Segunda Guerra Mundial, a Europa perdeu sua posição de superpotência, dando lugar aos Estados Unidos e à União Soviética. No entanto, a crise financeira de 2008 acelerou essa queda, revelando que as potências ocidentais, em vez de oferecer soluções, tornaram-se parte do problema. Os emergentes, incluindo Brasil, China e Índia, surgiram como fontes de solução.

No contexto do BRICS, Rael destaca que a união desses países representa uma aliança estratégica que visa aumentar a influência nas decisões globais. A diversidade de interesses e capacidades entre seus membros fortalece a possibilidade de uma política internacional mais equilibrada, desafiando a primazia ocidental.

Além disso, a crescente participação de países do Sul Global na discussão sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU indica que essa mudança é vista como essencial para um sistema mais justo e representativo. Os emergentes, com suas reivindicações, buscam um espaço legítimo nas instâncias de poder globais.

Rael critica ainda a memória seletiva do Ocidente, em que crimes de guerra cometidos por países do Norte passam despercebidos, enquanto os do Sul são amplamente expostos. Essa assimetria contribui para a deslegitimação do modelo de governança ocidental, que se torna cada vez mais inadequado frente à pluralidade da nova ordem internacional.

Além da influência econômica e diplomática, o Brasil destaca-se pela sua estratégia diversificada, incorporando diferentes frentes como Mercosul e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, sem perder suas alianças com potências ocidentais.

Por sua vez, a Índia, além de sua tradicional força política, está investindo em tecnologia e inovação, enquanto a África do Sul se torna uma voz relevante em questões humanitárias em fóruns internacionais, evidenciando a crescente autonomia do Sul Global.

Com o BRICS emergindo como um bloco significativo, a tendência é que o sistema global se torne mais multipolar, oferecendo novos desafios e oportunidades. A África, especialmente, está apresentando um crescente despertar para o pan-africanismo, enquanto a América Latina se adapta às novas realidades, mesmo diante da proximidade histórica com os Estados Unidos. Portanto, a confluência de interesses entre os países que compõem o Sul Global pode indicar um futuro de maior equilíbrio nas relações internacionais.

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