O embaixador Eduardo Saboia, principal negociador do Brasil para o BRICS no próximo ano, destaca a crescente importância do bloco no cenário internacional. Saboia enfatiza a relevância de assegurar uma agenda que inclua a adoção de moedas locais para facilitar o comércio entre os países-membros, além de abordar a reforma necessária da governança global. Questões ambientais, especialmente as relacionadas às mudanças climáticas, estarão no centro das discussões, especialmente com a proximidade da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que acontecerá em Belém, Pará.
O embaixador salienta a importância de alinhar as discussões do BRICS aos objetivos da COP-30, questionando como a presidência do grupo pode ser aproveitada para construir consensos que favoreçam o êxito do evento. O fortalecimento de um entendimento entre nações que possuem vastas economias e diferentes desafios políticos é considerado crucial para a implementação de soluções sustentáveis em nível global.
Outro ponto de destaque será a governança da inteligência artificial (IA), uma questão que requer atenção urgente. Saboia aponta que, apesar de a IA ser uma tecnologia disruptiva, atualmente não existe uma regulamentação global eficaz que a aborde. Neste sentido, a presidência brasileira pode contribuir para a formação de uma visão compartilhada entre os países do BRICS sobre como deve ser a governança dessa tecnologia emergente.
Saboia conclui ressaltando que o BRICS não apenas constrói pontes entre seus membros, mas também desempenha um papel estabilizador na cena internacional. A colaboração entre países com sistemas políticos distintos é vista como uma oportunidade valiosa para o desenvolvimento de soluções que beneficiem suas populações, reforçando a relevância do bloco nas dinâmicas globais contemporâneas.