Brasil no Epicentro da Crise Florestal: Relatório Global de 2024 Aponta Perdas Alarmantes
O ano de 2024 ficou marcado por um cenário desolador no que diz respeito à perda de florestas em nível global. Sobretudo, o Brasil, país que abriga a maior floresta tropical do mundo, enfrentou uma crise sem precedentes, respondendo por impressionantes 42% da perda de florestas primárias tropicais. Esta alarmante estatística emerge de um detalhado estudo realizado pela Global Forest Watch, que indica um crescimento exponencial na destruição florestal.
Os incêndios, exacerbados pela pior seca já registrada na história do país, foram responsáveis por 66% dessa perda, revelando um aumento chocante de seis vezes se comparado ao ano anterior. A Amazônia, ícone da biodiversidade e um dos principais reguladores climáticos do planeta, experimentou sua maior taxa de desmatamento desde 2016. Enquanto isso, o Pantanal, o maior bioma de áreas alagadas do mundo, sofreu a maior perda percentual do Brasil, evidenciando os impactos devastadores das secas e da crescente expansão da agropecuária.
Mariana Oliveira, diretora do Programa de Florestas e Uso da Terra do World Resources Institute (WRI) Brasil, destacou que, mesmo com os avanços sob a administração do governo Lula, os riscos de desmatamento permanecem alarmantes. A especialista advertiu que "sem um investimento contínuo em prevenção de incêndios e fiscalização rigorosa, os progressos podem ser revertidos rapidamente". Ela enfatizou a importância de uma abordagem sustentável na utilização da terra, especialmente à medida que se aproxima a Conferência das Partes (COP30), onde o Brasil deve estar na linha de frente da discussão sobre estratégias globais de proteção florestal.
No cenário da América Latina, a situação não é menos preocupante. A Bolívia vivenciou um aumento de 200% na perda de florestas primárias, consolidando sua posição como o segundo país no ranking global de desmatamento, superando até mesmo a República Democrática do Congo. As políticas públicas que favorecem a expansão agrícola, unidas a incêndios florestais, têm exacerbado a crise.
Esses dados ressaltam a urgência de ações coordenadas para conter o desmatamento e combater os efeitos das mudanças climáticas. A combinação de secas extremas, legislações permissivas e a falta de infraestrutura para o combate às chamas formam um ciclo pernicioso que requer atenção imediata. Portanto, enquanto a COP30 se aproxima, há uma oportunidade inestimável para que o Brasil e outros países tropicais revertam essa tendência alarmante, destacando que a preservação das florestas é essencial não apenas para a saúde do planeta, mas também para o bem-estar das comunidades que delas dependem.