Segundo especialistas, como a doutoranda Gabriele Hernandez da Universidade Federal Fluminense, as atividades de pesquisa não foram significativamente afetadas pela tragédia do incêndio. Isso se deve à atuação dos cientistas brasileiros em outras estações, além da rápida resposta do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), que implementou Módulos Antárticos Emergenciais (MAEs) como laboratórios temporários.
Com a reabertura, novos sistemas de comunicação e tecnologia mais avançada foram instalados, superando a infraestrutura obsoleta anterior. O investimento na estação não se limitou à reconstrução física, mas também incluiu uma ampliação no financiamento destinado à pesquisa científica. Os esforços do Brasil abrangem uma variedade de áreas, desde estudos sobre mudanças climáticas e meteorologia até pesquisas em biologia marinha. Uma das principais preocupações das pesquisas realizadas é o impacto do derretimento das calotas polares sobre o clima brasileiro e, consequentemente, cidades costeiras em risco de submersão.
A importância desse trabalho se torna ainda mais evidente quando se considera que as mudanças ambientais na América do Sul, como as queimadas no Pantanal, também influenciam os processos na Antártica. A elevação das temperaturas e as adaptações do ecossistema, como o surgimento de algas em áreas antes sem vegetação significativa, são sinais alarmantes da fragilidade do ambiente polar.
Dentre os cientistas que se destacam nas pesquisas, Jefferson Cardia Simões da Universidade Federal do Rio Grande do Sul destaca que a presença contínua do Brasil na Antártica não é apenas crucial para reivindicar direitos no Tratado Antártico, mas também para promover a cooperação científica internacional. Essa colaboração é fundamental, especialmente em momentos em que a qualidade da pesquisa pode influenciar o capital político e as relações com outros países membros de pactos como o BRICS.
Assim, a presença do Brasil na Antártica se revela como um elo-chave na busca por um entendimento mais abrangente das interconexões climáticas globais, reforçando o papel do país não apenas como um pesquisador, mas como um importante interlocutor na diplomacia científica.