Esses compromissos surgem em um contexto onde o fortalecimento das relações multilaterais é cada vez mais necessário. Durante o evento, vozes acadêmicas foram ouvidas, dando insights sobre os possíveis impactos dessas decisões na geopolítica atual. Especialistas como Vinícius Rodrigues Vieira, da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), destacaram que essa cúpula foi mais exitosa que as realizadas sob a liderança de Indonésia e Índia, especialmente pela capacidade de unir os líderes em torno de um documento final que define metas claras.
Não apenas as promessas de taxação dos super-ricos, mas também a inclusão de uma agenda social, representada pelo “G20 Social”, trouxe uma nova configuração ao diálogo global, com a participação ativa da sociedade civil sendo notada como uma inovação importante. Beatriz dos Santos Abreu, especialista em relações internacionais, insistiu que essa abordagem permite uma reflexão mais profunda sobre o desenvolvimento sustentável e as relações com o meio ambiente.
Entretanto, há preocupações sobre a implementação real dessas propostas no contexto global, especialmente com o cenário geopolítico em transformação. O futuro governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, pode trazer desafios significativos à continuidade dessas alianças, pois sua abordagem pode limitar a disposição americana em colaborar em fóruns multilaterais.
Por outro lado, a inclusão de Javier Milei, presidente da Argentina, que inicialmente se opôs a várias questões como a igualdade de gênero e a taxação de grandes fortunas, mostra que há espaço para reverter posturas prévias em favor de um consenso maior. A Aliança contra a Fome e a Pobreza se destaca como um eixo estratégico, capaz, segundo Vieira, de resistir a eventuais tumultos políticos.
Embora os documentos finais frequentemente tenham um caráter genérico, os acordos bilaterais tendem a gerar resultados mais tangíveis. Um exemplo notável foi o entendimento firmado entre Brasil e Argentina para aumentar a importação de gás natural, evidenciando que, mesmo em meio a desafios, o G20 pode servir como uma plataforma para reforçar laços econômicos e promover uma governança global mais inclusiva e efetiva.