Brasil lidera expedição inédita à Antártica com missão ambiciosa de pesquisa científica a bordo de quebra-gelo russo, envolvendo 61 cientistas de sete países.



No dia 22 de novembro de 2024, uma significativa missão científica teve início no porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, com a partida do navio quebra-gelo russo Akademik Tryoshnikov. Esta expedição, batizada de Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica, reúne 61 cientistas de sete nacionalidades, incluindo 27 brasileiros, que irão dedicar os próximos 60 dias ao estudo do continente gelado.

Os pesquisadores embarcaram em uma jornada que os levará a percorrer mais de 20 mil quilômetros ao longo da costa antártica. A principal meta da missão é coletar amostras para investigações aprofundadas nas áreas de geofísica, glaciologia, oceanografia e estudos atmosféricos, com ênfase especial nas geleiras e no impacto do aquecimento global. Durante o auge do verão antártico, a equipe espera realizar uma pesquisa inovadora sobre o comportamento das massas de gelo, além de monitorar a poluição proveniente da circulação oceânica.

O líder da expedição, Jefferson Cardia Simões, do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, destacou a importância da colaboração internacional para o sucesso do projeto. A expedição não apenas faz parte da tradição de pesquisas na Antártica, mas também busca inovações ao se aproximar das costas geladas — um feito pioneiro. Cardia enfatiza que o trabalho será intensamente focado em dias de boas condições climáticas, com períodos de até 12 horas dedicadas à coleta de amostras e à realização de análises.

Entre as atividades programadas estão perfurações de gelo e neve, bem como ensaios em locais raramente acessíveis, representando menos de 0,5% do território antártico. A equipe também buscará microrganismos extremófilos, organismos que têm a capacidade de sobreviver em condições hostis de temperatura e umidade. Além disso, as pesquisas estão amparadas pelo Sistema do Tratado da Antártida (STA), que rege a cooperação internacional na área e proíbe reivindicações territoriais.

O Akademik Tryoshnikov desempenha um papel crucial na expedição. A embarcação, com mais de uma dezena de laboratórios dedicados às diversas áreas do conhecimento, é essencial para a realização de pesquisas no gelo, já que o Brasil não possui navios quebra-gelo próprios. Os cientistas terão acesso a sistemas modernos de comunicação e transferência de dados, permitindo que compartilhem informações em tempo real globalmente.

Este esforço coletivo não apenas posiciona o Brasil como um líder nas pesquisas antárticas, mas também reforça seu comprometimento no combate às mudanças climáticas, por meio da troca de conhecimento e experiências entre cientistas de diferentes culturas. A missão destaca a importância da diplomacia científica em tempos de incertezas geopolíticas e evidencia como a colaboração internacional pode expandir nossa compreensão do planeta.

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