Brasil Inova ao Convidar Uruguai, México e Colômbia para o BRICS e Deixa Argentina de Fora



O Brasil está redefinindo sua abordagem nas cúpulas do BRICS, ao optar por convidar apenas Uruguai, México e Colômbia para a próxima reunião dos chefes de Estado do bloco. Essa decisão, que contrasta com a prática histórica do Brasil de convidar uma gama mais ampla de países latino-americanos, como aconteceu durante a cúpula de 2014 em Fortaleza, levanta discussões relevantes sobre a atual dinâmica política e diplomática na América do Sul.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sublinhou a importância de incluir esses três países em um momento em que o Brasil busca ampliar o diálogo com o restante do mundo. O Itamaraty, que normalmente faz questão de convidar um maior número de nações da região para fortalecer sua influência, agora enfrenta um cenário de fragmentação política entre os países latino-americanos, dificultando a formação de alianças consistentes para suas pautas externas.

Ghaio Nicodemus, especialista em política internacional, apontou que a escolha de Uruguai, México e Colômbia reflete essa complexidade, já que os laços com a Argentina, por exemplo, embora historicamentais, não têm se mostrado frutíferos nas atuais circunstâncias. A Argentina não foi convidada, o que ilustra ainda mais essas tensões. Os líderes progressistas desses três países podem facilitar o diálogo com o Brasil, mas a exclusão de nações como o Chile, governado por Gabriel Boric, que adotou uma postura firme em relação à Ucrânia, indica que outros critérios, além da afinidade ideológica, influenciam as decisões do governo brasileiro.

Além disso, outros países da região, como o Equador e o Peru, estão em meio a processos eleitorais, o que torna incerto seu comprometimento com questões de longo prazo no BRICS. A escolha do Uruguai está ligada a relações já estabelecidas, uma vez que o país é membro do Novo Banco de Desenvolvimento, presidido por Dilma Rousseff. Por sua vez, a Colômbia já manifestou interesse em se unir ao BRICS, uma posição endossada pelo Brasil após conversas entre líderes.

No entanto, a inclusão desses novos convidados pode ofuscar a entrada de Bolívia e Cuba no BRICS como países aliados em 2025, o que levanta questões sobre a estratégia diplomática do Brasil em relação ao Sul Global. Em meio a esse cenário, o Brasil busca reforçar sua posição no bloco, com desafios notáveis, incluindo a integração de novos membros e a criação de uma nova categoria de países associados.

O tempo para estruturar essas mudanças é escasso, já que o Brasil programou a cúpula para o meio do ano de 2025, o que significa que há um calendário apertado para alinhar interesses e preparar o bloco para futuras diretrizes e colaborações. A política externa do Brasil se apresenta como um campo dinâmico, onde a diplomacia precisa não apenas se adaptar às novas configurações, mas também projetar um papel mais significativo no cenário internacional, respeitando a autonomia de cada estado.

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