Brasil e China mantêm parcerias comerciais sólidas com Argentina, mesmo com a nova liderança de Javier Milei e suas diferenças ideológicas.



Em um cenário econômico desafiador, a Argentina alcançou um superávit histórico de US$ 18,9 bilhões em sua balança comercial em 2024, o que representa o segundo maior valor em 16 anos, considerando a correção pela inflação. Este resultado positivo é um reflexo não apenas da dinâmica interna do país, mas também do fortalecimento das relações comerciais com Brasil e China, que se destacam como os principais parceiros do comércio argentino, mesmo em meio a diferenças políticas e ideológicas manifestadas pelos líderes das nações envolvidas.

Um dos principais fatores que contribuíram para esse superávit foi a significativa redução das importações, que caíram em quase 50% devido ao aumento na produção interna de gás e petróleo a partir da famosa reserva de Vaca Muerta, uma das maiores do mundo. Ao mesmo tempo, a recessão econômica que a Argentina vem enfrentando levou a uma queda drástica no consumo interno. A austeridade implementada pelo governo de Javier Milei, embora controversa, teve como efeito colateral a diminuição da demanda por produtos estrangeiros, resultando em quedas de cerca de 20% nas importações de bens intermediários e de capital.

Ao longo do ano, ficou evidente que as relações econômicas entre a Argentina e seus dois principais parceiros transcendem questões políticas. Apesar das críticas de Milei a Luiz Inácio Lula da Silva e a Xi Jinping, as trocas comerciais com Brasil e China se mantiveram robustas. O comércio com o Brasil somou cerca de US$ 28 bilhões, consolidando-o como o principal parceiro na balança comercial, enquanto a China se estabeleceu como um importante importador, ocupando o segundo lugar no comércio bilateral.

Especialistas ressaltam que, independentemente das variações nos discursos políticos, o vínculo entre Argentina, Brasil e China continua forte e necessário. O economista Francisco Cantamutto enfatiza que a importância do comércio com esses países vai além dos números e que perturbá-lo seria prejudicial para a economia argentina. Além disso, as relações estratégicas entre Buenos Aires e Pequim também são moldadas por interesses conjuntos em questões geopolíticas, como a disputa das Malvinas e a questão de Taiwan, bem como pela potencial colaboração no contexto do BRICS.

Por outro lado, a nova administração dos Estados Unidos, liderada por Donald Trump, não parece prometer um aumento significativo nas trocas comerciais com a Argentina. Embora haja certa aproximação entre os governos, as oportunidades de exportação para os EUA são limitadas, especialmente considerando a competição com os produtos oferecidos pelos parceiros estratégicos da Argentina.

Em resumo, o panorama econômico da Argentina em 2024 revela uma resiliência nas relações comerciais, destacando a capacidade do país de solidificar colaborações com Brasil e China, mesmo diante de profundas divergências políticas. Essa dinâmica será crucial para a recuperação econômica e futura do país.

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