Bolsonaro se declara vítima de perseguição após se tornar réu e reforça apoio entre aliados em meio a adiamento do julgamento no STF.



O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista à imprensa, que se considera uma vítima de perseguição política, após se tornar réu em um processo sobre tentativa de golpe de Estado. A declaração foi feita em Brasília, onde Bolsonaro estava cercado por apoiadores, incluindo seu filho, o senador Flávio Bolsonaro. Nessa aparição, que durou cerca de 50 minutos, ele negou as acusações apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e se defendeu ao atacar tanto o sistema eleitoral quanto os atuais ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente o ministro Alexandre de Moraes.

A aceitação unânime da denúncia pelo STF, que também implicou outras sete figuras próximas a Bolsonaro, marca um momento crucial na trajetória política do ex-presidente. Durante o julgamento, que ocorreu em etapas, Bolsonaro não compareceu à decisão final, alegando já conhecer o resultado. Ele se lançou em uma retórica de perseguição, afirmando que as acusações contra ele são “muito graves” e que parece haver interesses pessoais contra sua figura.

Analistas políticos observam que este discurso de vitimização e crítica a instituições democráticas, como o poder judiciário e a Justiça Eleitoral, pode se tornar um pilar central na narrativa bolsonarista nos próximos anos. Tayná Paolino, doutoranda em ciências sociais, e o sociólogo Paulo Baía, ambos acadêmicos, destacam que essa construção da identidade de “mártir político” pode ter um efeito mobilizador sobre sua base, especialmente em um cenário de crise de confiança nas instituições. Enquanto o ex-presidente reforça essa narrativa de perseguição, Baía sugere que, na polarização atual do Brasil, isso tende a radicalizar tanto seus apoiadores quanto seus opositores.

A resposta da oposição não tardou. Figuras como a ministra Gleisi Hoffmann consideraram a decisão do STF como uma vitória significativa da Justiça. A reação do governo segue uma estratégia de evitar a polarização direta com Bolsonaro, buscando preservar a governabilidade em meio a um cenário político tenso. Se a narrativa de vitimização se consolidar entre os apoiadores de Bolsonaro, a polarização só tende a se acirrar ainda mais, com cada lado intensificando sua posição contrária ao outro.

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