No dia 14 de dezembro de 2022, Bolsonaro delegou a missão ao general Paulo Sérgio, ministro da Defesa, que convocou o general Freire Gomes e o brigadeiro Baptista Júnior para uma reunião no Palácio da Alvorada. Neste encontro, Bolsonaro apresentou uma nova versão da minuta do golpe, agora enxugada e com ares de legalidade, na tentativa desesperada de obter o apoio das Forças Armadas.
No entanto, pela terceira vez, os comandantes recusaram o pedido, fazendo com que Bolsonaro cancelasse o golpe. Outros eventos sinistros ocorreram, como a tentativa de prisão e assassínio do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e a viagem de Lula para São Paulo.
A desistência de Bolsonaro do golpe não foi definitiva, e ele continuou discutindo a possibilidade com seus assessores mais próximos. O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, também tentou dissuadi-lo da ideia, em uma conversa privada realizada após um jantar que contou com a presença de várias autoridades importantes.
Toffoli aconselhou Bolsonaro a reconhecer a eleição de Lula, que já havia sido proclamada pela justiça, e questionou a viabilidade de um ex-capitão assumir o poder com o apoio dos generais. Diante da pressão e do medo de ser preso, Bolsonaro acabou seguindo o conselho de Toffoli e viajou para o exterior, deixando para trás um cenário turbulento e incerto.
A tentativa frustrada de golpe em dezembro de 2022 foi mais uma Operação Tabajara na história política do Brasil, deixando marcas e cicatrizes que certamente ecoarão por muitos anos. O presidente e os golpistas agiam como personagens de um enredo complexo e repleto de reviravoltas, mostrando a fragilidade da democracia diante de ameaças autoritárias.