Bolívia: Fim do governo Arce abre caminho para novos desafios e mudanças na política após duas décadas de hegemonia do MAS.

O governo de Luis Arce, presidente da Bolívia, está se aproximando de seu término, previsto para o próximo dia 8 de novembro. A data não simboliza apenas o fim de sua gestão, mas também a conclusão de um ciclo de 19 anos de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS) no país, que desde 2006, sob a liderança de Evo Morales, prevaleceu na política boliviana.

Nos últimos meses, Arce enfrentou sérias dificuldades internas dentro do MAS, com disputas entre facções que apoiam tanto sua administração quanto a de Morales. Such disputas eclodiram em um cenário econômico precário, caracterizado pela escassez de dólares, falta de combustíveis e um aumento significativo no custo das cestas básicas, fatores que precarizaram a administração Arce em seus últimos dias. Estas dificuldades culminam em um período crítico para o partido, que se prepara para deixar o poder em breve.

Analistas políticos, como Juan Pablo Marca, indicam que a situação atual do MAS é preocupante. A partir do próximo período legislativo, o partido terá apenas dois deputados na Assembleia Legislativa Plurinacional, após um longo período de ampla maioria. Marca destaca que o declínio da influência do MAS se intensificou em 2023, quando os conflitos entre Arce e Morales se tornaram mais evidentes.

Além disso, o modelo econômico baseado na extração de recursos naturais mostrou-se insustentável, levando à incapacidade do governo de resolver a falta de divisas no Banco Central. A falta de combustíveis tem permeado a inflação e impactado a cesta básica de muitos bolivianos, gerando descontentamento popular.

O futuro do MAS como uma força de oposição é incerto. Com as eleições subnacionais marcadas para março de 2026, o cenário político poderá ser drasticamente modificado. Há uma expectativa de que a oposição, principalmente representada por candidaturas de direita, possa emergir mais forte, especialmente após um primeiro turno eleitoral que apontou a fragilidade do partido governista.

A analista Lily Peñaranda sugere que o próximo governo precisará enfrentar decisões impopulares, o que poderá afetar a avaliação pública de sua popularidade. Se considerarmos o contexto atual, espera-se que o próximo presidente, independentemente de sua afiliação política, implemente estratégias que poderiam reforçar um modelo econômico mais neoliberal, sem, no entanto, alterar a dependência histórica do país em relação a matérias-primas.

Em suma, com o fim do governo Arce, a Bolívia parece se preparar para uma nova era política, marcada por uma fragmentação do sistema partidário e o surgimento de novas forças políticas, que poderão redefinir o horizonte econômico e social do país nos próximos anos.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo