No entanto, a visita ocorre em um contexto de crescente rivalidade geopolítica na região. Com a influência da China se expandindo rapidamente em várias nações africanas, a viagem de Biden é interpretada como uma tentativa de contrabalançar esse poder emergente e recuperar a preferência dos países africanos por parcerias com os Estados Unidos em detrimento de nações como a China e a Rússia. O professor Alexis Habiyaremye, da Universidade de Joanesburgo, aponta que a abordagem dos EUA poderá ser tardiamente reconhecida, com a China mantendo uma presença sólida, especialmente no setor energético, onde domina quase três quartos das exportações de petróleo de Angola.
O cenário atual, caracterizado por um possível “pato manco” no final da presidência de Biden, reflete uma percepção errônea generalizada sobre as dinâmicas africanas e a relação entre a África e potências globais. Muitos na África observam com ceticismo os esforços dos EUA, lembrando que, historicamente, os investimentos norte-americanos no continente muitas vezes priorizaram lucros rápidos em detrimento do desenvolvimento sustentável. O passado conturbado entre Angola e os Estados Unidos, especialmente durante a guerra civil no país, também pesa nas percepções atuais.
Além disso, analistas expressam preocupações de que a próxima administração, independentemente de quem a lidere, possa perpetuar uma visão neocolonialista, similar à postura de Donald Trump, que frequentemente menosprezava nações africanas. O futuro das relações entre os EUA e a África depende, portanto, não apenas da diplomacia imediata, mas da capacidade de construir uma base sólida de cooperação que transcenda o mero contencioso geopolítico, moldando um entendimento mais profundo e respeitador das realidades africanas.