Biden faz visita histórica a Angola em busca de fortalecer parcerias enquanto enfrenta crescente influência da China na África antes do término de seu mandato.



Em um momento crítico em sua presidência, Joe Biden inicia sua primeira visita a África, programada de 2 a 4 de dezembro, com foco particular em Angola. Essa viagem, a primeira de um presidente dos EUA à nação angolana, marca um marco importante não apenas na política externa da administração Biden, mas também nas relações entre os EUA e continentes frequentemente deixados em segundo plano em termos de diplomacia direta. Um funcionário da Casa Branca descreveu a visita como histórica, enfatizando o compromisso dos EUA em fortalecer parcerias na África e promover oportunidades econômicas significativas e a segurança regional.

No entanto, a visita ocorre em um contexto de crescente rivalidade geopolítica na região. Com a influência da China se expandindo rapidamente em várias nações africanas, a viagem de Biden é interpretada como uma tentativa de contrabalançar esse poder emergente e recuperar a preferência dos países africanos por parcerias com os Estados Unidos em detrimento de nações como a China e a Rússia. O professor Alexis Habiyaremye, da Universidade de Joanesburgo, aponta que a abordagem dos EUA poderá ser tardiamente reconhecida, com a China mantendo uma presença sólida, especialmente no setor energético, onde domina quase três quartos das exportações de petróleo de Angola.

O cenário atual, caracterizado por um possível “pato manco” no final da presidência de Biden, reflete uma percepção errônea generalizada sobre as dinâmicas africanas e a relação entre a África e potências globais. Muitos na África observam com ceticismo os esforços dos EUA, lembrando que, historicamente, os investimentos norte-americanos no continente muitas vezes priorizaram lucros rápidos em detrimento do desenvolvimento sustentável. O passado conturbado entre Angola e os Estados Unidos, especialmente durante a guerra civil no país, também pesa nas percepções atuais.

Além disso, analistas expressam preocupações de que a próxima administração, independentemente de quem a lidere, possa perpetuar uma visão neocolonialista, similar à postura de Donald Trump, que frequentemente menosprezava nações africanas. O futuro das relações entre os EUA e a África depende, portanto, não apenas da diplomacia imediata, mas da capacidade de construir uma base sólida de cooperação que transcenda o mero contencioso geopolítico, moldando um entendimento mais profundo e respeitador das realidades africanas.

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