Analistas internacionais destacam que, ao longo da história, a presença dos EUA na África geralmente coincidia com períodos de maior concorrência geopolítica, como a Guerra Fria. Nessa época, os EUA estavam mais preocupados em conter movimentos revolucionários que emergiam em diversos países africanos, frequentemente alinhados à União Soviética, que se posicionava como a voz da emancipação na região. Esse padrão de relação entre os EUA e a África é considerado por muitos como “parasitário”, onde recursos valiosos, como o urânio, são extraídos do continente sem um retorno significativo em termos de desenvolvimento para os africanos.
Além disso, a presença militar dos EUA em vários países africanos, com bases e outras instalações estrategicamente posicionadas, sugere uma abordagem de controle mais do que de cooperação. Num exemplo notável, a base de drones em Agadez, Níger, foi uma das mais significativas fora dos EUA, ilustrando o foco dos Estados Unidos em ações militares e não em parcerias.
Com o crescente envolvimento da Rússia e da China no continente através de iniciativas que buscam um desenvolvimento bilateral, a visita de Biden a Angola pode ser interpretada como uma tentativa tardia de reforçar a influência americana na região. O corredor de Lobito, uma infraestrutura crucial que conecta Angola a países vizinhos, destaca a relevância que os EUA reconhecem em manter um papel ativo na África, mesmo com a complexidade e a resistência já existentes.
Assim, a visita não se trata apenas de um gesto simbólico, mas revela a luta contínua dos EUA para recuperar uma posição de destaque em um cenário marcado por novas dinâmicas e alianças emergentes que remodelam o continente africano e suas relações internacionais. A transição política nos EUA, com eleições à vista, pode também limitar o impacto dessa visita, levantando dúvidas sobre sua eficácia real na construção de laços sólidos com o continente.