Beyoncé, uma das maiores divas pop da atualidade, causou polêmica em 2016 ao apresentar uma música country no Country Music Awards. Agora, oito anos depois, a cantora lança o álbum “Act II: Cowboy Carter”, com todo o seu novo trabalho mergulhando no ritmo do country. O single “Texas Hold’em”, lançado em 11 de fevereiro, alcançou o primeiro lugar na parada Hot Country Songs da Billboard, tornando-se um feito inédito para uma mulher negra na indústria.
Essa incursão de Beyoncé no country não é apenas uma conquista pessoal, mas também um desafio ao racismo e uma forma de acertar as contas com a história do gênero. Estudiosos já apontaram que o country, muitas vezes associado apenas aos brancos, tem raízes multirraciais, com influências do folk, blues, ranchera mexicana e até da música havaiana.
Francesca T. Royster, professora da DePaul University, ressaltou a origem diversa do country em seu livro “Black country music”. Ela explicou que o banjo, um instrumento característico do gênero, teve sua origem na África e era tocado por negros escravizados, evidenciando a contribuição negra para o estilo musical.
Apesar de o country ter surgido nos anos 1920, inicialmente chamado de hillbilly, a segregação racial nos EUA fez com que o gênero fosse associado exclusivamente aos brancos. Mesmo com o fim da segregação oficial, a lógica do “nós e eles” continuou presente, marginalizando artistas negros.
Beyoncé, ao lançar “Act II: Cowboy Carter”, busca ampliar o espaço para artistas negros no country, seguindo os passos de Lil Nas X e sua colaboração com Billy Ray Cyrus em “Old Town Road”. A música de Lil Nas X, que mesclava country, trap e rap, também foi excluída da categoria country, evidenciando a resistência à diversidade no gênero.
Com “Texas Hold’em”, Beyoncé homenageia nomes importantes do country multirracial, como Rhiannon Giddens e Linda Martell, mostrando que a contribuição de artistas negros no gênero não deve ser esquecida. A cantora segue na luta contra o racismo e a exclusão, destacando a diversidade e a riqueza cultural do country.