As vítimas desse crime, Monique Bitu Bingi, Léa Tavares Mujinga, Noëlle Verbeken, Simone Ngalula e Marie-José Loshi, hoje com cerca de 70 anos, foram separadas de suas mães por autoridades belgas entre 1940 e 1950, quando tinham apenas dois, três e quatro anos de idade. Filhas de colonos brancos e mulheres negras locais, essas crianças tiveram sua nacionalidade belga negada e foram levadas para orfanatos administrados pela Igreja Católica, onde afirmam terem sido vítimas de abusos.
Essa prática fazia parte de uma política de segregação racial e sequestro estabelecida pelo Estado colonial belga, sob a batuta do então Rei Leopoldo II, entre 1885 e 1908, quando o Congo era uma colônia sob seu domínio pessoal. As violações e crueldades cometidas nesse período foram relatadas por diversos escritores, como Mark Twain e Joseph Conrad, e estima-se que mais de 10 milhões de pessoas tenham sido mortas durante o regime colonial.
Além disso, a Bélgica fez um pedido formal de desculpas em 2019, reconhecendo as cerca de 20 mil vítimas de separação forçada, estendendo-se também às colônias belgas em Burundi e Ruanda. A colonialização belga do Congo perdurou até 1960, quando o país conquistou sua independência e foi renomeado para República do Congo.
A condenação do Estado belga por crime contra a humanidade representa um marco na luta pela justiça e reparação das vítimas de atrocidades cometidas durante os períodos coloniais. Este evento demonstra a importância de revisitar e confrontar o passado, a fim de garantir a dignidade e os direitos das pessoas afetadas por práticas desumanas e injustas.