Desde 2021, a poupança tem apresentado saques expressivos, com o saldo passando de R$ 1,035 trilhão no final de 2020 para R$ 983 bilhões no final de 2023. Em 2022, houve um saque recorde líquido de R$ 103,24 bilhões na caderneta. O estudo analisou dados de mais de 57 milhões de clientes dos cinco maiores bancos do Brasil, representando 89% do saldo total da poupança. Desses, 29,5 milhões retiraram cerca de R$ 279 bilhões e realocaram aproximadamente R$ 201 bilhões em outras modalidades de investimento.
Os maiores sacadores, correspondendo a 16% do total, investiram cerca de R$ 116 bilhões em ativos financeiros alternativos, sendo LCAs, CDBs/RDBs e LCIs os mais populares. Essas mudanças na composição da carteira de investimentos dos clientes refletem uma redução significativa na participação da poupança, que caiu de 57% em 2021 para 28% em 2022. Por outro lado, fundos de investimento, CDBs, LCAs e LCIs tiveram aumentos em suas fatias.
Além disso, o estudo constatou que quase metade do valor retirado da poupança foi direcionado para fins não observados, como despesas de consumo, pagamentos de empréstimos, investimentos em ativos reais e aplicações em ações e títulos públicos. O diretor de Fiscalização do BC, Ailton Aquino, enfatizou que a tendência de migração da poupança para investimentos mais rentáveis deve se intensificar com a crescente competição no setor financeiro.
Por fim, Aquino destacou a preocupação do BC em relação ao impacto da redução da poupança no mercado imobiliário, ressaltando a importância de medidas como o aumento da securitização do crédito imobiliário em colaboração com a estatal Emgea. A tendência de mudança de investimentos dos poupadores brasileiros reflete não apenas uma busca por rentabilidade, mas também transformações estruturais no mercado financeiro nacional.