Barroso se prepara para assumir STF com disposição para discutir temas como MST, CNI, liberação de drogas e aborto.

Após um ano de silêncio e um tratamento protocolar, a ministra Rosa Weber, que estava à frente do Supremo Tribunal Federal (STF), está prestes a passar o bastão para o ministro Luís Roberto Barroso, que assumirá a presidência do órgão em 28 de setembro. Diferente de sua antecessora, Barroso é conhecido por sua maneira de se relacionar com diferentes interlocutores, o que inclui a realização de diálogos. Advogados que possuem ações no STF comentam que o novo presidente poderá construir uma relação de maior proximidade com diversos setores da sociedade, como trabalhadores, empresários, ambientalistas e representantes do agronegócio.

Nomeado para o cargo em 2013 pela presidente Dilma Rousseff, Barroso tem 65 anos e uma extensa formação acadêmica. Ele se formou na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), fez mestrado na Universidade Yale e é Senior Fellow na Harvard Kennedy School. Além disso, é viúvo, tem dois filhos e é profundamente espiritualizado. O novo presidente do STF expressou sua alegria em assumir o cargo, destacando o clima de afetividade que ele percebe na Corte. Ele acredita que é preciso desarmar o debate de ideias e pacificar a sociedade brasileira.

Barroso já se envolveu em debates polêmicos que têm marcado o Brasil recentemente. Durante um evento em Nova York, ele respondeu a um manifestante com um “Perdeu, mané” e, durante um congresso na UNE, afirmou que “derrotamos o bolsonarismo”. Essas declarações provocaram movimentos por um impeachment por parte de grupos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, o ministro justificou depois que estava se referindo ao “extremismo golpista”.

Ao assumir o cargo de presidente do STF, Barroso enfatizará a importância de explicar melhor à sociedade o funcionamento da Justiça e o papel do Tribunal. Ele pretende trabalhar de maneira mais ágil e ampliar a interlocução com a sociedade civil, o Congresso Nacional e a iniciativa privada. O ministro costuma dizer que quer dialogar desde o Movimento dos Sem Terras até a Confederação Nacional da Indústria.

Após o término das eleições presidenciais, Barroso destacou a tranquilidade do pleito e ressaltou a importância de o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) terem defendido a urna eletrônica. Ele acredita que a tentativa de golpe ocorrida em 8 de janeiro, quando manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes, poderia ter causado tumultos e questionamentos ao resultado do pleito se ainda fossem utilizadas cédulas em papel, como defendido pelo ex-presidente Bolsonaro.

Barroso presidiu o TSE entre 2020 e 2022, período desafiador devido à pandemia da Covid-19. Ele conduziu um grande esforço para garantir que as eleições municipais de 2020 ocorressem sem que se tornassem um foco de contaminação. Para isso, o ministro chamou empresas que puderam contribuir com materiais como álcool em gel, máscaras e luvas, a fim de diminuir o risco de contágio. Ele ressaltou que o resultado da eleição pôde ser divulgado na mesma noite, algo extraordinário para uma das maiores democracias do mundo.

Durante sua gestão, Barroso dará continuidade ao trabalho de seus antecessores e tratará de temas que considera caros, como a descriminalização do aborto e mudanças na política de combate às drogas, que estão presentes em seu livro “Sem Data Venia”. O ministro também buscará uma solução para o problema dos precatórios, pois considera injusto que o cidadão ganhe uma ação contra o Estado e não receba o pagamento devido.

Com um estilo de comunicação mais aberto e a busca por diálogos, Barroso espera construir uma relação mais próxima entre o STF e diversos setores da sociedade. Sua gestão promete ser marcada pela transparência, agilidade e busca pela pacificação do país.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo