Os modelos de pesquisa desenvolvidos em países de alta renda não são necessariamente replicáveis para todas as nações, como demonstrou a investigação. Por meio do uso de inteligência artificial (IA) e técnicas de machine learning, foram analisados dados de mais de 41 mil pessoas na América Latina, divididas em duas categorias: países de baixa e média renda (Brasil, Colômbia e Equador) e países de alta renda (Uruguai e Chile).
No Brasil, o estudo analisou 9.412 casos provenientes do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil). A baixa escolaridade foi identificada como o principal fator de risco para o declínio cognitivo, seguido por sintomas de saúde mental, atividade física, hábitos de fumo e isolamento social, entre outros.
Em termos estatísticos, a idade e o sexo, considerados fatores de risco mais proeminentes globalmente, apareceram com menor relevância. A instabilidade econômica, a insegurança social e os níveis baixos de escolaridade exercem um impacto significativo no envelhecimento cerebral da população brasileira, especialmente nas regiões mais pobres.
A expectativa dos pesquisadores é que a identificação da educação como fator central no risco de declínio cognitivo possa influenciar as políticas públicas no Brasil e na América Latina. Atualmente, cerca de 8,5% da população brasileira com 60 anos ou mais apresenta algum tipo de demência, o que equivale a aproximadamente 2,71 milhões de pessoas. No entanto, a projeção para 2050 indica um aumento para 5,6 milhões de diagnósticos no país, segundo dados do Ministério da Saúde.