O professor Vinicius Modolo Teixeira, especialista em Geografia, observa que a intenção dos EUA pode ser aliviar a carga da Europa na mediação do conflito, transferindo essa responsabilidade para estados neutros, como Brasil e China, que mantêm relações diplomáticas com ambas as partes do conflito. Para Teixeira, a presença de tropas europeias poderia ser interpretada como uma provocação pela Rússia, uma vez que muitos países da Europa já a apoiam com equipamentos militares.
Do ponto de vista militar, Rodolfo Laterza, analista e autor de um estudo sobre o conflito, reforça que a inclusão de países do Sul Global na mediação poderia facilitar um diálogo mais equilibrado, considerando que ambos os países possuem um histórico de alinhamento diplomático com a Rússia e a Ucrânia. Isso, segundo ele, poderia criar um ambiente mais propício para negociações.
Entretanto, a questão da legitimidade interna do envio de tropas brasileiras é complexa. Muitos argumentam que o atual clima político e econômico do Brasil não favorece uma ação desse tipo. Como apontou Teixeira, a recente missão de paz no Haiti resultou em aplausos controversos, especialmente considerando que alguns dos militares envolvidos em missões internacionais posteriormente se envolveram em questões políticas internas.
Além disso, o deputado observa que o apelo por uma missão de paz poderia ser mal recebido em um país onde há pressões para cortar gastos e onde a população enfrenta desafios econômicos, como a inflação de alimentos. Assim, o governo brasileiro ainda precisa navegar cuidadosamente entre as expectativas da comunidade internacional e a realidade interna, o que torna a possibilidade de uma missão pacificadora uma proposta repleta de desafios e incertezas.
Dessa forma, enquanto a participação do Brasil em operações de manutenção da paz poderia elevar sua visibilidade no palco internacional, a atual conjuntura interna apresenta barreiras significativas que tornam essa ação, no momento, pouco viável.