De acordo com especialistas do setor, como o assessor técnico da NTC&Logística, Lauro Valdivia, o impacto não deve levar muito tempo para ser sentido nas prateleiras dos supermercados. O aumento já começa a ser integrado aos preços, refletindo o papel crucial que as rodovias desempenham no transporte de cargas no Brasil, país que depende fortemente desse modal, com mais da metade de suas mercadorias movimentadas por caminhões.
Além do impacto direto nas tarifas de transporte, a elevação do preço do diesel também pode desencadear um efeito inflacionário mais amplo. Isso ocorre porque o diesel é empregado em diversas operações que vão além do transporte de cargas, incluindo a agricultura e a energia, por meio de usinas termelétricas. Dessa forma, cada produto que chega ao consumidor final carrega uma parte do custo do combustível, o que culmina em um aumento generalizado de preços, com um impacto mais significativo em bens essenciais, como alimentos.
O economista André Braz destaca que a variação no valor agregado dos produtos pode influenciar na quantidade de diesel embutido em seu preço final. Assim, no contexto atual, produtos que dependem mais do transporte rodoviário tendem a sofrer aumentos mais acentuados. Esse cenário é especialmente preocupante para as famílias de baixa renda, que já enfrentam dificuldades financeiras e que poderão ser ainda mais afetadas pelo aumento nos preços dos itens do cotidiano.
A complexidade da situação exige atenção dos responsáveis pela política econômica, uma vez que a pressão inflacionária resultante do aumento do diesel não é um desafio simples de ser enfrentado. Historicamente, a trajetória recente de preços de combustíveis no Brasil demonstra que esses reajustes podem desencadear ondas de reajustes em cadeia, afetando a bolsa de compras das famílias brasileiras.