Aumento alarmante no tratamento de vícios em apostas em São Paulo: 80% dos pacientes enfrentam ideação suicida entre 2023 e 2025.

A busca por tratamento para o vício em jogos de azar cresceu de forma alarmante em São Paulo, revelando um quadro preocupante que vai além das complicações financeiras e problemas familiares. A relação desse transtorno com questões de saúde mental, incluindo a prevalência de ideação suicida entre os afetados, tem se tornado uma preocupação para profissionais da área.

Dados de um programa ambulatorial voltado para o tratamento do transtorno do jogo indicam que cerca de 80% dos pacientes atendidos apresentam pensamentos suicidas. Esses números, alarmantes por si só, são apenas a ponta do iceberg. Muitos viciados em jogos alegam não reconhecer que têm um problema e, frequentemente, permanecem sem ajuda por anos. Em média, os indivíduos afetados aguardam cerca de oito anos até buscarem tratamento, período em que frequentemente consomem todos os seus bens e recursos financeiros. Ao chegarem ao centro de ajuda, muitas vezes já se encontram totalmente desamparados e sem esperanças.

Desde o início de 2023, o programa começou a atender um número crescente de pacientes, mas as triagens foram suspensas em 2024 e 2025 devido à alta demanda. Com uma fila de espera que já abrange mais de 280 pessoas, o sistema de saúde enfrenta um desafio monumental para fornecer suporte adequado a todos os que necessitam.

Em um esforço para atender à demanda crescente, os profissionais de saúde mental implementaram uma força-tarefa. Cada paciente que aguarda atendimento entra em um programa psicoeducacional que visa não apenas informar, mas também identificar os casos mais críticos, particularmente aqueles em risco de suicídio. As comorbidades associadas ao vício, como depressão e ansiedade, são tratadas em um protocolo que inclui acompanhamento psiquiátrico e psicoterapia.

Além da falta de recursos e da escassez de profissionais treinados, observa-se também que a relação entre a dependência em jogos e outros vícios, como o uso de álcool e tabaco, é profundamente preocupante. Especialistas afirmam que o aumento na exposição a propagandas de apostas tem impulsionado a questão do vício, ampliando a necessidade urgente de uma discussão sobre a regulamentação dessas práticas no Brasil.

Por fim, a realidade do tratamento em São Paulo revela não apenas a carência de estruturas de apoio, mas também a necessidade de campanhas de conscientização que visem desmistificar o transtorno e encorajar os dependentes a buscar ajuda, rompendo o estigmatização associada ao vício. O panorama atual exige uma resposta contundente do setor público para que a situação não se transforme em uma verdadeira explosão de um problema social que já se mostra devastador.

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