Mohammadi, atualmente cumprindo uma sentença de 12 anos de prisão em Teerã, estava no topo da lista dos mais cotados para receber o prêmio. A ativista se destacou em meio ao endurecimento do regime dos Aiatolás após os protestos contra a morte de Mahsa Amini nas mãos da polícia da moralidade.
Reiss-Andersen ressaltou que a luta de Mohammadi lhe causou “enormes custos pessoais”. A ativista foi presa 13 vezes pelas forças iranianas e condenada cinco vezes, acumulando um total de 31 anos de prisão e 154 chicotadas.
A escolha de Narges Mohammadi para o Prêmio Nobel deste ano também representa o reconhecimento às centenas de milhares de pessoas que se manifestaram contra as políticas discriminatórias e opressivas do regime contra as mulheres no Irã. A família da ativista afirmou, em nota, que o prêmio marca um momento histórico para a luta do Irã pela liberdade.
Reiss-Andersen também fez um apelo para a libertação de Mohammadi, afirmando que se as autoridades iranianas tomarem a decisão correta, ela poderá receber a honraria pessoalmente em dezembro, em Oslo.
Narges Mohammadi iniciou seu ativismo em defesa da igualdade e dos direitos das mulheres quando era estudante de Física. Desde então, ela foi presa diversas vezes por tentar ajudar ativistas encarcerados e seus parentes, além de se envolver na campanha contra a pena de morte no país.
A decisão do Comitê do Nobel ocorre após um ano de protestos no Irã liderados por mulheres, desencadeados pela morte de Mahsa Amini. O país passou por três meses de revolta popular contra a opressão do regime, que se intensificou sob o governo conservador de Ebrahim Raisi.
Durante as manifestações, as mulheres iranianas foram às ruas e queimaram os véus islâmicos obrigatórios, clamando por liberdade. No entanto, a repressão às manifestações foi brutal, com um aumento significativo nas execuções de presos condenados à morte desde o início do ano.
O Irã, segundo a Anistia Internacional, é o país que mais realiza execuções após a China. Há denúncias de processos sem transparência e confissões forçadas. Organizações de direitos humanos alertam para a necessidade de uma atuação mais firme da comunidade internacional diante dessa situação preocupante.
Narges Mohammadi se tornou uma das principais vozes na luta pelos direitos das mulheres no Irã e agora recebe o prestigiado Prêmio Nobel da Paz, um reconhecimento importante para sua luta e para todos aqueles que têm trabalhado pela liberdade e pelos direitos humanos no país.