Uma nova classe de estrelas conhecidas como “velhas fumantes” foi recentemente identificada por cientistas. Essas estrelas gigantes vermelhas permanecem em silêncio por longos períodos antes de exalar uma nuvem de fumaça, o que as torna uma descoberta inédita na astronomia.
O estudo, publicado nesta sexta-feira e liderado pelo astrofísico Philip Lucas, revela que a exalação peculiar dessas estrelas não havia sido detectada até agora. A descoberta foi feita por meio de uma pesquisa de 10 anos, na qual os pesquisadores analisaram centenas de milhões de estrelas em todo o céu utilizando o telescópio VISTA, localizado nos Andes chilenos.
De acordo com os cientistas, as “velhas fumantes” são estrelas gigantes vermelhas, que estão no final de suas vidas, caracterizadas por um tamanho considerável e uma baixa temperatura superficial. Esses astros são tão pálidos e avermelhados que “às vezes não podem ser vistas de forma alguma”, explicou Dante Minniti, da Universidade Andrés Bello, em um comunicado à imprensa.
A equipe responsável pela descoberta não estava buscando especificamente por estrelas antigas durante a pesquisa, que tinha como objetivo encontrar protoestrelas recém-nascidas propensas a erupções frequentes e exuberantes. No entanto, eles detectaram 32 protoestrelas, o maior número em um único grupo encontrado até agora.
Além disso, os pesquisadores descobriram que as “velhas fumantes” estavam localizadas perto do centro da Via Láctea, na região densamente povoada e rica em metais chamada Disco Estelar Nuclear. Essas estrelas apresentaram um comportamento peculiar, tornando-se repentinamente entre 40 e 100 vezes mais fracas, às vezes quase imperceptíveis até mesmo para o telescópio infravermelho.
Acredita-se que essas “baforadas de fumaça” lançadas pelas estrelas escondam temporariamente elas de nossa vista. Segundo Lucas, a quantidade de matéria lançada por essas estrelas pode desempenhar um papel significativo na forma como os elementos pesados são dispersos na galáxia e além.
No total, os pesquisadores detectaram pelo menos 21 “velhas fumantes”, mas suspeitam que há muitas mais. As descobertas foram publicadas no boletim mensal da Real Sociedade Astronômica Britânica, e o estudo representa um marco na compreensão dos fenômenos estelares no centro de nossa galáxia.