Argentina propõe muro na fronteira com a Bolívia inspirada em políticas de Trump e ignora tratados internacionais, gerando tensões diplomáticas entre os países.



A proposta do governo argentino de construir uma cerca metálica na fronteira com a Bolívia gerou um intenso debate diplomático entre os dois países. Inspirada nas políticas de segurança fronteiriça do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, a medida é parte de um esforço argentino para conter o contrabando e a imigração ilegal, mas levanta sérias questões sobre sua conformidade com tratados internacionais.

Com um projeto que prevê a construção de uma estrutura de 200 metros de comprimento e 2,5 metros de altura, a cerca será erguida em Aguas Blancas, na província de Salta, confrontando a cidade boliviana de Bermejo. O município oficializou a abertura de uma licitação para as obras, com prazo para recebimento de propostas até o dia 4 de fevereiro. A Secretaria de Governo, Obras Públicas e Serviços Públicos de Aguas Blancas é a responsável pela execução do projeto.

O ministro boliviano da Justiça, César Siles, expressou suas preocupações em relação à iniciativa, afirmando que a construção da cerca seria uma violação dos princípios de convivência pacífica e dos compromissos internacionais que regem as relações entre os dois países. “As questões fronteiriças devem ser tratadas por meio de mecanismos de diálogo bilaterais estabelecidos entre os Estados”, enfatizou Siles, sublinhando a importância de conversas colaborativas para resolver questões comuns.

A Bolívia não apenas criticou a medida, mas também a qualificou como uma ação unilateral que foi decidida sem qualquer consulta ao governo boliviano. O ministério de Relações Exteriores da Bolívia também se manifestou, pedindo que tanto a ONU quanto a Organização dos Estados Americanos (OEA) condenassem a decisão argentina, demandando um foco mais construtivo e cooperativo nas relações diplomáticas.

O contexto dessa proposta se insere em um cenário mais amplo de iniciativas tomadas pelo governo argentino sob a presidência de Javier Milei, que visa um endurecimento das políticas de imigração e controle nas fronteiras. O chamado Plano Guemes é uma dessas iniciativas, que prevê um aumento na presença de agentes federais na área e um reforço nas patrulhas ao longo da fronteira, até então monitorada apenas pela polícia boliviana.

Com tensões históricas entre Argentina e Bolívia, especialmente em questões relacionadas à imigração e desenvolvimento econômico, a construção dessa cerca representa um novo capítulo na diplomacia regional, levantando preocupações sobre possíveis repercussões nas relações bilaterais e na integridade de compromissos internacionais.

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