Essa estratégia homenageada por grandes montadoras, como a Ford, que já anunciou a diminuição de preços ao consumidor final, representa uma tentativa de elevar a demanda e aquecer o mercado interno argentino. Ao mesmo tempo, no Brasil, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva também tem trabalhado para atrair investimentos no setor automobilístico, tendo inaugurado uma nova fábrica da GWM International em Iracemápolis, São Paulo, com um investimento significativo de R$ 10 bilhões e a promessa de criar mais de 700 empregos diretos.
O impacto dessa nova política argentina na economia brasileira e suas implicações para os planos de Lula foram amplamente discutidos por analistas econômicos. Roberto Uebel, economista da ESPM, argumenta que a intenção de Milei é uma resposta à desindustrialização enfrentada pelo país, buscando reindustrializar a Argentina, enquanto Lula faz esforços semelhantes no Brasil. Uebel acredita que, apesar do custo argentino que continuará sendo um obstáculo para o investimento estrangeiro, a Argentina poderá se tornar uma alternativa atraente para novas montadoras.
Juliana Inhasz, professora do Insper, enfatiza que a redução de impostos deve resultar em preços mais acessíveis para os veículos na Argentina, embora essa mudança possa desestimular as vendas de carros brasileiros no país vizinho. Contudo, ela aponta que essas medidas oferecem à Argentina uma oportunidade de estimular a sua economia em um momento em que o Brasil enfrenta uma estagnação econômica. Essa comparação entre as duas economias sugere que a Argentina está se tornando um local cada vez mais interessante para investidores.
Embora as montadoras não estejam se movendo em massa para a Argentina por conta das novas regras, a possibilidade de uma competição acirrada na atração de investimentos é real. Uebel observa que uma maior sinergia entre Brasil e Argentina poderia criar um ambiente de cooperação produtiva, similar ao que se vê em outras regiões, como a América do Norte e a União Europeia. Entretanto, as tensões políticas e ideológicas atuais entre os dois países podem dificultar essa colaboração, levantando a necessidade de atenção redobrada do governo brasileiro em relação à situação econômica da Argentina.
Em suma, a implementação das novas políticas na Argentina pode não apenas transformar seu mercado interno, mas também impactar a dinâmica competitiva da região, exigindo que o Brasil ajuste suas estratégias de atração de investidores e indústrias para manter sua relevância no cenário econômico latino-americano. Com a Argentina mostrando sinais de resiliência, o Brasil deve estar preparado para responder a novas realidades econômicas e políticas em sua vizinhança.