Argentina Desconsidera Empresa Chinesa em Licitação de Hidrovia, Aumentando Tensões com Pequim em Meio a Reforço das Relações com os EUA



O governo argentino, sob a liderança do presidente Javier Milei, tomou uma decisão marcante ao excluir a empresa Shanghai Dredging Company, uma estatal chinesa, da concorrência para a concessão da Hidrovía Paraná-Paraguay. Essa hidrovia é uma das mais importantes rotas comerciais do país, responsável por mais de 80% das exportações argentinas. O movimento surge em um contexto de crescente tensão nas relações entre Buenos Aires e Pequim, levando analistas a considerarem essa exclamação como um sinal forte do novo governo argentino.

Nos termos da concessão da Vía Navegable Troncal, um artigo estipula a eliminação de “qualquer pessoa jurídica que seja controlada, direta ou indiretamente, por Estados soberanos ou agências estatais”. Essa redação é vista por muitos como uma tentativa de afastar especificamente a empresa chinesa, que faz parte da China Communications Construction Company, um grupo de grande importância na infraestrutura da República Popular.

Essa decisão se concretiza em um momento em que as relações diplomáticas entre a Argentina e a China já estão sendo reavaliadas. O país sul-americano, que é o terceiro maior fornecedor de alimentos para a China, possui um vínculo comercial substancial com o gigante asiático. Contudo, expertos, como o sociólogo Sebastián Schulz, afirmam que o desligamento da autoridade chinesa pode colocar em risco uma parceria que se desenvolveu ao longo de mais de duas décadas. O impacto desta nova postura ainda é incerto, assim como as possíveis reações de Pequim.

O futuro dessa relação bilateral pode ser moldado por fatores como a sustentabilidade do swap de moedas entre os dois países, no valor de US$ 5 bilhões, e por futuros investimentos que a China poderia aportar à Argentina. No entanto, a decisão de Milei indica um alinhamento mais próximo com os Estados Unidos, especialmente em um cenário onde Donald Trump retoma a presidência, alimentando especulações sobre uma estratégia geopolítica focada em minar a influência da China na América do Sul.

A Hidrovía Paraná-Paraguay, que se estende por mais de 1.600 quilômetros, é vital não apenas para a Argentina, mas também para países vizinhos como Brasil, Paraguai e Uruguai, que, em 1992, assinaram um tratado para facilitar o comércio e a navegação na região. A exclusão da empresa chinesa, portanto, não é apenas uma questão de política interna da Argentina, mas um movimento que pode alterar o equilíbrio de poder e influências no comércio regional.

A escolha de Milei, em um contexto de tensões globais e reacomodação de alianças, sugere um cenário onde o comércio e a política internacional estarão cada vez mais entrelaçados, e a capacidade da Argentina de manobrar entre interesses conflitantes poderá redefinir suas parcerias comerciais futuras.

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